Como a ‘vaca louca’ e a suspensão de compras chinesas impacta o brasileiro
A China suspendeu as importações de produtos do país devido à contração da doença por dois bovinos; preço da commodity caiu, mas já começou a se recuperar

No sábado, 4, a China, o maior importador de commodities brasileiras, suspendeu a compra de carne do país devido à confirmação da infecção de dois bovinos pela doença chamada Encefalopatia Espongiforme Bovina, mais conhecida como “vaca louca”. Como não poderia deixar de ser, o valor do produto caiu. Antes da crise, o valor da arroba bovina (correspondente a 15 kg) estava alcançando entre 320 e 330 reais, patamares historicamente altos, pressionados pelo aumento da demanda mundial pelo produto.
Na semana passada, no entanto, o valor caiu e chegou a 300 reais, mas nesta semana já voltou a subir para aproximadamente 310 reais para contratos no final do ano, e a previsão é que irá se normalizar até o fim do mês. Os brasileiros que pensaram que esta queda se refletiria de maneira expressiva no preço das carnes na gôndola dos supermercados se enganaram. O bloqueio das importações chinesas é momentâneo, afinal as análises recentes apontam que a incidência da doença é pontual.
Além disso, a escassez de carne bovina é mundial e o gigante asiático não encontra em outros parceiros internacionais capacidade para repor as vendas brasileiras, que têm alta qualidade e preço baixo. Este movimento também deve impactar os contratos do fim do ano e início de 2022, ou seja, os embarques já programados não irão parar. E ainda: a China já tem como alternativa comprar carne vinda de outras unidades de empresas brasileiras como o grupo JBS, localizadas na Austrália e nos Estados Unidos. E, conforme os demais laudos de análise dos animais infectados se concluírem, provavelmente haverá a liberação gradual da compra de carne brasileira de outros estados, distantes de Minas Gerais e Mato Grosso, de onde surgiram os casos pontuais.
“Este movimento chinês de bloquear as importações é uma jogada natural de comércio, para tentar segurar a pressão dos preços e jogar as cotações para baixo”, diz Vlamir Brandalizze, especialista em agronegócio da Brandalizze Consulting. “Para o brasileiro não haverá muito impacto no preço da carne. Provavelmente nos próximos dias podemos ver uma queda como de 1 a 2 reais o kg da carne, um reflexo baixo para um produto que não está com o valor baixo”, diz ele.
Recordes de exportação
Em agosto, o volume mensal de derivados de boi exportados foi de 181.600 toneladas, o melhor mês da história. A alta demanda impacta no valor cobrado e na primeira semana de setembro a tonelada de carne bovina foi negociada a 5.819 dólares, 42% a mais que há um ano atrás, quando o valor cobrado era 4.095 dólares.
O volume de carne bovina comprado aumentou principalmente em decorrência da nova classe média chinesa. Com o forte crescimento do país no ano passado e neste ano, cresceu o número de pessoas com mais poder aquisitivo e que, consequentemente, consome uma maior quantidade de proteína animal. Ao mesmo tempo, a alta demanda que ocorreu no ano passado levou a um maior abate de animais jovens, o que desencadeou uma maior escassez na produção de carne neste ano.
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