O presidente Jair Bolsonaro (PL) é dono do maior canal de transmissão de mensagens no Telegram, com pouco mais de 1,3 milhão de usuários inscritos. Somados os canais do presidente com os de seus três filhos políticos, Flávio (aproximadamente 115.550 inscritos), Carlos (101.150) e Eduardo (65.400), o clã atinge diretamente quase 1,5 milhão de usuários do aplicativo — um número considerado expressivo por pesquisadores do tema.
Uma pesquisa do Departamento de Ciência da Computação da UFMG (Towards Understanding the Use of Telegram by Political Groups in Brazil, no título original), sob coordenação do professor Fabrício Benevenuto, mostrou que o pico de mensagens trocadas em canais e grupos de teor político no aplicativo foi no início de 2021. O período coincide com dois eventos, segundo a pesquisa: a alteração das políticas de privacidade do WhatsApp, que obrigou seus usuários a aceitar os termos atualizados, e a criação do canal oficial de Bolsonaro, que convidou seus seguidores a se inscreverem nele.
O estudo prossegue: “Até o final de 2018, os grupos geravam menos de 10% do total de mensagens trocadas entre as conversas analisadas (no Telegram). Em janeiro de 2021, os grupos já representavam cerca de 85% das mensagens. Essa mudança de comportamento pode estar relacionada à migração de usuários que utilizavam o WhatsApp para estabelecer comunicação em grupo”, diz.
Reportagem de VEJA desta semana mostra que o Telegram é o aplicativo de mensagens que mais cresce no país e também o que mais vem preocupando a Justiça Eleitoral neste ano de eleições.