Os pré-candidatos à prefeitura de São Paulo tiveram ao menos duas confirmações com as pesquisas divulgadas nos últimos dias. A primeira é que a disputa, por enquanto, segue polarizada entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Ambos ocupam as duas primeiras posições nos levantamentos realizados pela Paraná Pesquisas, AtlasIntel e Datafolha.
Na maioria dos cenários, Nunes e Boulos aparecem empatados tecnicamente, com inversões de posições dentro da margem de erro dependendo da lista de adversários. É o que acontece com a pesquisa Datafolha, por exemplo, onde o candidato do PSOL tem 24% contra 23% do prefeito (a margem de erro é de 3 pontos percentuais) quando estão na disputa o apresentador José Luiz Datena (PSDB) e o deputado Kim Kataguiri (União). Sem Datena e Kataguiri, a posição dos líderes se inverte, mas ainda dentro da margem de erro: Nunes fica com 26% e Boulos com 24%.
Situação parecida ocorre no levantamento do Paraná Pesquisas. Com Datena e Kataguiri em dois cenários, Ricardo Nunes e Guilherme Boulos aparecem empatados dentro da margem de erro, com o prefeito numericamente na frente (28,1% a 24,2% na simulação com todos os candidatos, inclusive os nanicos). A situação muda um pouco no cenário sem Datena e Kataguiri, quando o prefeito lidera pela primeira vez fora da margem de erro de 2,6 pontos percentuais: Nunes tem 33,1% contra 26,9% de Boulos — leia a matéria completa aqui.
O cenário mais destoante é o mostrado pelo instituto AtlasIntel — mas ainda assim com Boulos e Nunes nas duas primeiras posições. Em um cenário com Datena e Kataguiri, o deputado do PSOL tem 37,2% das intenções de voto contra 20,5% do prefeito – a margem de erro desse levantamento é de 2 pontos percentuais.
Novidade na disputa
Outra constatação dos três institutos é sobre o impacto causado pela entrada do empresário Pablo Marçal (PRTB) na corrida. O coach, alinhado à direita do espectro político, chega a 10,4% das intenções de voto no AtlasIntel, a 7% no Datafolha e a 5,1% no Paraná Pesquisas — nos três cenários, empata na margem de erro com a deputada Tabata Amaral (PSB).
A performance do coach levanta dúvidas sobre para que lado caminhará o eleitor bolsonarista na eleição da maior e mais rica cidade do país. Com mais de 10,3 milhões de seguidores no Instagram, Marçal fez fama e fortuna oferecendo cursos motivacionais pela internet. Um de seus lemas é “trabalhe menos, prospere mais”. Por enquanto, o empresário ainda não apresentou nenhum tipo de projeto de governo para São Paulo e mesmo assim já levantou alerta especialmente nas campanhas de Nunes e Tabata. No caso do prefeito, o temor é que o bolsonarismo possa se dividir entre as duas candidaturas. Já Tabata vê pela frente mais um obstáculo para crescer na disputa. A deputada ainda não conseguiu superar os dois dígitos.
Datena e Kataguiri
Outra constatação dos três levantamentos é que a participação do apresentador José Luiz Datena e do deputado Kim Kataguiri tende a provocar alterações nos quadros, já que ambos atingem pontuações relevantes. Datena marca 12,1% no Paraná Pesquisas, 8% no Datafolha e 7,9% no AtlasIntel. Já Kataguiri atinge 7,9% no AtlasIntel, 4% no Datafolha e 3,4% no Paraná Pesquisas.
A possibilidade de os dois levarem as suas candidaturas até as urnas, no entanto, é remota. Datena, que nunca disputou uma eleição, refugou várias vezes após ter o seu nome cogitado, inclusive para a Presidência da República, em 2022. Ele também pode fazer uma composição para ser vice de Tabata na disputa paulistana.
Já Kataguiri tem contra ele a pouca disposição de seu partido de levar adiante uma candidatura própria. O União Brasil tem cargos no governo Ricardo Nunes, e seu principal líder na cidade, o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, é aliado do prefeito.