Guru ideológico do governo de Jair Bolsonaro, o escritor Olavo de Carvalho, morto no mês passado, poderá ganhar um busto em sua homenagem na cidade de Campinas (SP), onde nasceu. A ideia partiu do vereador Nelson Hossri (PSD), simpatizante do governo do capitão.
Apesar de o projeto ainda estar sob análise dos órgãos competentes da prefeitura, o vereador comemora o fato de ele já ter recebido uma sinalização positiva para ser custeado pela Secretaria de Cultura do governo federal. O órgão é chefiado pelo ex-ator Mario Frias, que reza pela cartilha do olavismo.
Leia a entrevista com o autor da proposta:
Por que homenagear o Olavo de Carvalho? Ele oxigenou e trouxe qualidade para um debate em que só a esquerda falava. Hoje a direita também tem voz, em boa parte, por causa dele. Ele foi polêmico, mas é brasileiro e campineiro, inclusive já morou na cidade, então por que não reconhecer?
Ele também era conhecido por sua postura negacionista. Isso não é um problema? É um direito dele, por exemplo, negar a vacina. Ele trouxe à tona o debate dos riscos e das consequências. Mesmo tendo tomado a vacina eu também tento provocar essa reflexão para um debate de qualidade. A postura dele não pode ser um motivo para não homenageá-lo.
Como o projeto foi recebido no governo federal? O secretário Mario Frias esteve em Campinas para tratar de algumas pautas, entre elas esse meu pedido, e ele deu o ok pelo fato de o professor Olavo ser de Campinas. O município deverá escolher onde o busto será instalado, tudo indica que será próximo à escola de cadetes [do Exército], até para evitar qualquer tipo de depredação, mas isso está aberto a sugestões.
Quanto vai custar? Não custará nenhum centavo para o município. Os recursos serão do governo federal, através da Secretaria de Cultura. Será algo muito simples, nada exorbitante.
O senhor o conheceu? Nunca estive com o professor Olavo pessoalmente, mas acompanhava a sua obra. Com ele as pessoas começaram a entender que existe um outro lado, não só conservador, mas de contraponto à esquerda. Ele foi um defensor da liberdade e da livre iniciativa. Ele disparava contra a esquerda porque era de uma direita mais radical.
O senhor não é radical? Eu sou conservador, mas não sou nenhum radical. Eu defendo pautas da direita, mas, por outro lado, tenho um trabalho social que também é ligado à esquerda, que é o trabalho de prevenção às drogas e tratamento de dependentes químicos.