Agora ex-chefe de gabinete da prefeitura de Miracatu, no interior de São Paulo, Renato Bolsonaro é o principal responsável pelo “boom” de dinheiro federal que desembarcou no município desde que seu irmão Jair Bolsonaro (PL) tomou posse há quase quatro anos. Reportagem de VEJA desta semana mostrou que entre 2020 e 2022, a cidade localizada no Vale do Ribeira, região mais pobre do estado, recebeu 72,1 milhões de reais para reformas, obras viárias e de infraestrutura e compra de máquinas e equipamentos. Mais 12,6 milhões de reais chegaram via emendas do chamado orçamento secreto. O total somado supera as receitas anuais regulares da prefeitura (81 milhões de reais).
Com visitas esporádicas a Brasília, mas sempre em contato com o irmão e seus ministros, Renato foi o grande articulador das emendas e convênios e tinha grande prevalência na gestão da cidade. Sua exoneração foi publicada na tarde da última quinta-feira, 4.
Se é certo que brilhava como articulador político e até cabo eleitoral — ajudou a eleger os prefeitos de Miracatu e da vizinha Eldorado –, o mesmo nunca pode ser dito em relação as suas tentativas eleitorais: nos últimos 24 anos ele disputou seis eleições e não saiu vitorioso em nenhuma. Para prefeito de Miracatu, em 2012, obteve 2.955 votos; no pleito municipal seguinte, foram 2.473. Anos antes, em Praia Grande, a empreitada foi para a Câmara Municipal. Os 994 votos em 2000 e os 434 em 2004 o deixaram longe do Parlamento. Seu maior feito foram os cerca de 17.000 votos que recebeu nas eleições para deputado federal em 1998. O número lhe deixou na suplência, cuja vaga principal nunca foi conseguida.
Renato Bolsonaro é um dos cinco irmãos do presidente e tio do vereador Carlos, do deputado Eduardo e do senador Flávio, todos fenômenos de votação nas disputas eleitorais recentes.