Inicialmente previsto para ser reinaugurado no Sete de Setembro, o Museu do Ipiranga, em São Paulo, que ficou nove anos fechado (as obras começaram em 2019), vai abrir suas portas um dia antes. O principal motivo: fugir da politização da data, potencializada pela convocação do presidente Jair Bolsonaro para seus apoiadores irem às ruas “em defesa da liberdade” e “pela última vez”. Neste sábado, 30, Bolsonaro afirmou a apoiadores que participará do desfile de 7 de setembro em Brasília e, posteriormente, de um desfile militar em Copacabana, no Rio de Janeiro.
Como as obras, que custaram 235 milhões de reais, possuem verba da União, obtida via leis de incentivos à cultura (cerca de 156 milhões de reais), cabe à Secretaria Especial de Cultura, do governo federal, estabelecer as regras da inauguração.
No dia 6, uma sexta-feira, o local vai funcionar para convidados, alunos de escolas públicas selecionados pelo governo e por trabalhadores (e suas famílias) que atuaram nos vários processos da obra de restauro. No dia seguinte, na área externa, um grande show promete levar milhares de pessoas à rampa da Praça da Independência.
Independentemente da data de reabertura do espaço, nenhum candidato nas eleições deste ano poderá participar da inauguração do espaço. “Mas nada impede que o governador Rodrigo Garcia (PSDB) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) façam uma visita técnica ao local nos dias anteriores e subsequentes”, afirma o advogado Arthur Rollo, especializado em legislação eleitoral.
Reportagem de VEJA desta semana mostra como a atitude do presidente mobilizou o bolsonarismo nas redes sociais e provocou a reação das autoridades e da sociedade civil, preocupadas com o caráter golpista, de ruptura com as instituições, que as convocações vêm ganhando.