Há pelo menos duas para o presidente eleito, Jair Bolsonaro, ter tirado o Ministério da Defesa das mãos do general Augusto Heleno para entregar-lhe o Gabinete de Segurança Institucional, em 7 de novembro passado. De um lado, está a proteção do futuro líder. De outro, a “proteção” contra a verve natural do futuro presidente.
O militar conquistou a mais alta confiança de Bolsonaro, ainda quando era apontado como possível vice na chapa do candidato à Presidência, e tornou-se um de seus principais conselheiros. Na Defesa, estaria a um quilômetro do gabinete presidencial. Na GSI, estará no quarto andar do Palácio Planalto, apenas um lance de escada de Bolsonaro.
A convicção de que Bolsonaro está exposto a segundo atentado levou o próprio presidente eleito e seu círculo mais próximo a considerar o general Heleno para a GSI. Uma das principais atribuições do Gabinete de Segurança Institucional é cuidar da proteção ao presidente da República, do vice e de suas famílias. Esse órgão é igualmente responsável por coordenar as ações de espionagem do governo e a ele está subordinada a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
“Não posso prescindir da presença dele no Palácio do Planalto. É uma pessoa que representa o equilíbrio, que tem vivência muito grande dentro e fora do Brasil”, afirmara Bolsonaro, depois da tomada de decisão. “O GSI é tão importante quanto o Ministério da Defesa, e foi uma opção do presidente”, dissera o general.
Heleno será justamente o poder moderador dentro do Planalto, segundo fontes de Brasília. Aos 71 anos, o general de Exército Augusto Heleno Ribeiro Pereira é tido como uma das raras pessoas a quem Bolsonaro respeita, ouve e acata.
Na cúpula do futuro governo, suas posições conservadoras combinam com sua capacidade de convencer o futuro presidente e de fazê-lo reconsiderar posições pouco pragmáticas. Sua patente o ajuda, mesmo diante de um líder eleito por 57 milhões de brasileiros.