Em novembro de 2025, parte importante das atenções do mundo se voltará para Belém, que estará sediando a COP30, conferência ambiental promovida pela ONU (Organização das Nações Unidas) e que deverá atrair 50 mil pessoas de todo o planeta, entre chefes de estado, ambientalistas, cientistas e celebridades. Até por isso, como mostra reportagem de VEJA na edição desta semana, a briga pelo comando da prefeitura da capital do Pará tende a ser uma das mais movimentadas de todos os tempos.
A disputa mais aguerrida deverá se dar entre dois grupos que já estão no poder local. O prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), que tem um governo mal avaliado (75% da população reprova a sua gestão, segundo o Paraná Pesquisas), tem ao menos o histórico a seu favor: já venceu três vezes a eleição para prefeito (1996, 2000 e 2020). Seu principal adversário deverá ser o ex-secretário estadual de Cidadania, Igor Normando (MDB), o nome escolhido pelo governador Helder Barbalho (MDB) para tentar tomar o controle político da capital no ano do evento internacional mais importante da história do Pará. Foi o governador quem atuou, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra Marina Silva (Meio Ambiente), para trazer o evento à Amazônia.
A briga entre os dois grupos pode, no entanto, ser afetada por um terceiro e barulhento personagem: o deputado federal Éder Mauro, presidente estadual do PL. Ele lidera a disputa com 30% das intenções de voto, segundo um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas divulgado no sábado (leia matéria aqui), 15. Normando aparece em segundo lugar, com 18,4%, seguido pelo atual prefeito, com 13,4%.
Completam a lista o deputado estadual Thiago Araújo (Republicanos), com 9,9%, o delegado Jorge Eguchi (Podemos), com 7,8%, e Ítalo Abati (Novo), com 1,4%. Outros votos brancos ou nulos são 10,4% e 5,1% não sabem ou não responderam. Em março, outra pesquisa do instituto apontou Éder Mauro na frente com 26% das intenções de voto — o levantamento ainda não incluia o nome indicado por Helder.
Policial e defensor do garimpo
Delegado da Polícia Civil – o deputado afirma que “já matou muita gente, mas todos eram bandidos”, além de ter sido investigado por tortura – é considerado um dos mais ativos integrantes da chamada “bancada do garimpo”, parlamentares que têm relações com o setor de mineração, em especial na Amazônia, e que atuam para regulamentar ou facilitar a atividade do setor.
Mauro tem o espírito um tanto quanto contrário ao que se verá na COP30, quando o debate todo estará em torno da preservação ambiental e do enfrentamento ao aquecimento global e às mudanças climáticas. Na Câmara, o deputado costuma votar contra pautas ambientais e é autor de projetos que favorecem o garimpo em áreas de conservação.
Seu principal cabo eleitoral é o ex-presidente Jair Bolsonaro, que já confirmou presença em Belém em 30 de junho. Além do apoio do bolsonarismo e da boa largada na pesquisa, Éder Mauro conta com o triunfo em uma cidade ideologicamente dividida. No pleito presidencial de 2022, a capital paraense deu 50,28% dos votos a Lula e 49,72% a Bolsonaro – uma diferença a favor do petista mais apertada que no estado, onde ele teve 55% contra 45% do então presidente.