Novo prefeito de Embu é réu por racismo e por tentar matar jornalista
Francisco Renato de Oliveira Vieira (MDB) entrou no lugar de Ney Santos (PL), cassado e acusado de ser do PCC
Um dia depois de ver seu prefeito ser impedido pela Justiça Eleitoral de permanecer no cargo, a cidade de Embu das Artes, na Grande São Paulo, escolheu nesta terça-feira, 16, seu novo governante. No lugar de Ney Santos (PL), cassado sob a acusação de abuso de poder econômico, entrou Francisco Renato de Oliveira Vieira (MDB). Em comum, ambos possuem uma vida pregressa repleta de entradas e saídas de delegacias e fóruns criminais.
Preso em janeiro sob a acusação de injúria racial enquanto tomava banho na piscina de um condomínio na Zona Oeste do Rio, Renato Oliveira virou réu e vai responder à acusação na Justiça fluminense. Se condenado, terá uma pena branda, de um a seis meses de prisão e multa.
Em outro processo, desta vez em São Paulo, o atual prefeito de Embu é acusado de tentar matar um jornalista, em caso ocorrido em 2017. Recentemente, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou um pedido de sua defesa para que duas decisões, de primeira e segunda instâncias, de mandá-lo a júri popular pelo crime, fossem revistas. Ou seja, ele sentará no banco dos réus e poderá, se condenado, pegar até oito anos de prisão. Além disso, Oliveira foi acionado recentemente na esfera cível por dever 5.000 reais de condomínio. O caso ainda não foi julgado.
O antecessor de Renato também tem larga ficha corrida.
Ney Santos foi preso pela primeira vez em 1999, quando tinha 19 anos de idade, por receptação e formação de quadrilha. Em 2003, voltou a ser preso sob suspeita de ter participado de um assalto a um carro-forte, que contou com o uso de metralhadora. Ficou dois anos na prisão e foi solto após julgamento em segunda instância.
Depois que saiu da prisão, Ney virou empresário do ramo de combustíveis. Foi eleito prefeito pela primeira vez em 2016, acabando com uma hegemonia do PT de dezesseis anos na cidade. Ele foi condenado depois pela Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico na campanha, obtenção de recursos financeiros ilícitos, empregos de laranja para realização de doações eleitorais, gastos eleitorais acima do permitido e caixa dois. Ele perdeu os direitos políticos e foi cassado, mas manteve-se no cargo em razão de recurso judicial.
Como prefeito, voltou a ser detido, em junho de 2021, durante uma operação policial na fazenda do seu irmão, em Encruzilhada, no sudoeste da Bahia, onde foram apreendidas armas e 670 mil reais em dinheiro. Ele prestou depoimento e foi liberado. A operação foi feita após denúncia anônima de que o local era usado para movimentação ilegal de mercadorias. Em nota, na ocasião, o agora ex-prefeito disse que as duas armas apreendidas eram legais e pertenciam a um funcionário da fazenda e os valores apreendidos eram frutos da atividade da propriedade rural.