Na Paulista, Bolsonaro tenta mostrar força política e pressionar o STF
Com mote 'Justiça já', manifestação ocorre na mesma semana em que o Supremo abriu prazo para suas alegações finais no processo sobre trama golpista
O ex-presidente Jair Bolsonaro lidera neste domingo, 29, na Avenida Paulista, em São Paulo, mais um ato com apoiadores que tem principalmente os objetivos de reafirmar a sua liderança política na direita e questionar o Supremo Tribunal Federal. O encontro, a partir das 14h, deverá ter a presença de dezenas de parlamentares aliados e de ao menos quatro governadores. Na última concentração desse tipo na via, em abril deste ano, o ex-presidente conseguiu reunir 45 mil simpatizantes.
Uma diferença sutil, no entanto, separa este ato da manifestação anterior no mesmo local: o fogo contra o Supremo deverá focar muito mais no processo em que Bolsonaro é réu, sobre uma tentativa de golpe ocorrida no final de 2022. Com o lema “Justiça Já”, o ato ocorre na mesma semana em que o STF abriu prazo para o ex-presidente apresentar suas alegações finais no processo. Na manifestação de abril na avenida, o principal foco era a defesa da anistia aos envolvidos nos distúrbios de 8 de janeiro de 2023, com o lema “Anistia Já”. “A luta continua por democracia, por liberdade, por justiça. Compareça”, afirmou Bolsonaro em vídeo de divulgação das manifestações.
Apesar da situação judicial complicada nesse processo — que pode, inclusive, levá-lo à prisão –, os discursos no palanque na Paulista também deverão lembrar o seu impedimento legal para disputar eleições até 2030 e as condenações pesadas de apoiadores pelo quebra-quebra na Praça dos Três Poderes em 2023.
Evangélicos e governadores
O principal organizador do ato é de novo o pastor evangélico Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, um dos mais aguerridos aliados do ex-presidente nos últimos tempos. Na última terça-feira, 24, ele e mais de dez líderes evangélicos gravaram um vídeo conclamando apoiadores para comparecerem à marcha contra a “injustiça”. “Quero convocar todos vocês (…) para tomarmos uma atitude diante de tanta injustiça de ver patriotas inocentes serem condenados”, disse Malafaia.
Outro ponto que deverá destoar do último ato na Avenida Paulista é a adesão de governadores. Na manifestação de abril, sete mandatários de estados foram à Paulista em apoio a Bolsonaro, muitos deles com pretensões de disputar a Presidência da República em 2026, como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ratinho Jr. (Paraná), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ronaldo Caiado (Goiás).
Até a última sexta-feira, 26, no entanto, Ratinho Jr. e Caiado já haviam declarado que não participariam do ato. Zema afirmou que sua participação dependeria de seu voo vindo do Japão. Tarcísio, Jorginho Mello (Santa Catarina) e Cláudio Castro (Rio de Janeiro) confirmaram presença.
Tentativa de voltar à Presidência
Bolsonaro também tem investido em outros atos de demonstração de força política, com uma agenda de viagens pelo país (batizadas de Rota 22 pelo seu partido, o PL) e em grandes concentrações como as da Paulista e de Copacabana, em março deste ano. Um dos objetivos é mostrar que é um nome com muito potencial eleitoral, apesar de estar inelegível até 2030 em razão de duas condenações pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Levantamento divulgado pelo instituto Paraná Pesquisas na última semana mostra que Bolsonaro teria 46,5% das intenções de voto em um confronto direto contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ficaria com 39,7% do eleitorado, em um hipotético confronto de segundo turno pela Presidência da República no ano que vem,
Além disso, Bolsonaro se empenha em mostrar a força política do seu sobrenome, que também empatam ou vencem Lula em uma eventual disputa de segundo turno em 2026 — caso não seja candidato, ele pretende ter tamanho político suficiente para emplacar o nome que considera melhor, que pode ser alguém do clã. No último ato na Paulista estavam ao seu lado a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e os filhos Carlos, Flávio e Jair Renan, todos com pretensões eleitorais para 2026. Até agora, o ex-presidente não deu demonstração de apoio à candidatura presidencial de nenhum dos governadores de centro-direita que se apresentam como seus aliados e potenciais presidenciáveis.
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