Michelle quebra silêncio dos Bolsonaro e cita morto na Papuda: ‘Patriota’
Ex-presidente fica em silêncio sobre tentativa de golpe e, assim como os filhos, criticou PT e governo Lula

No dia em que o ataque às sedes dos Três Poderes em Brasília completa um ano, reina um silêncio a respeito do assunto entre a família Bolsonaro nas redes sociais. A quietude foi interrompida apenas por Michelle, que publicou uma homenagem nas suas redes sociais para Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, um dos presos pelos distúrbios, que morreu no presídio da Papuda, em 20 de novembro, devido a um mal súbito.
Entre versículos bíblicos, a ex-primeira-dama divulgou um desenho do rosto do manifestante, com uma legenda que o chama de “Patriota”. A homenagem mostra a data de nascimento e morte de Clezão. Ele estava preso desde 8 de janeiro de 2023, quando foi detido dentro das dependências do Planalto. Ele aguardava a análise de um pedido de liberdade provisória feito pelo Ministério Público.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, patriarca do clã, se dedicou a criticar Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário político. Ele divulgou um vídeo em que seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), critica a “saidinha” de final de ano — nome dado ao indulto de Natal concedido aos presos. Os indígenas ianomâmis também entraram na mira: Bolsonaro compartilhou uma publicação dizendo que o número de mortes de membros da etnia cresceu no governo petista.
As investigações sobre o 8 de Janeiro implicam diretamente o ex-presidente. Ele já era investigado como um dos possíveis incitadores da tentativa de golpe de Estado e sofreu um novo revés no final de 2023. A Procuradoria-Geral da República (PGR) conseguiu recuperar um vídeo que Bolsonaro publicou dias depois do ataque, em que um procurador concede uma entrevista dizendo que a eleição de Lula foi uma “armação”.
Esse vídeo, apresentado no inquérito conduzido pela Polícia Federal sob a chancela do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, é a principal aposta da PGR em termos de possibilidades de responsabilização do ex-presidente sobre o que aconteceu no 8/1 em Brasília.
Na quinta-feira passada, 4, Bolsonaro concedeu uma entrevista à imprensa dizendo que há uma “armadilha da esquerda” para tentar responsabilizá-lo pelos ataques de 8 de janeiro. Na ocasião, ele negou que tenha acontecido uma tentativa de golpe de Estado e disse que “pessoal que nos segue, que nos acompanha, pessoal bolsonarista, pessoas de direita, pessoal conservador nunca foi de fazer isso aí”.
Filhos seguem o pai
Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro seguiram a linha do pai e se mantiveram em silêncio sobre o 8/1. O mais velho, Flávio, criticou o indulto natalino, enquanto Carlos, que administrava as redes sociais do ex-presidente durante a sua gestão, compartilhou notícias sobre a violência no Rio de Janeiro, a meta de déficit zero e críticas ao PT. O caçula, Eduardo, não publicou nada nas redes nesta segunda-feira, 8.