Bolsonaro diz que 8 de Janeiro foi “armadilha da esquerda”
Ex-presidente diz que não houve tentativa de golpe e lamenta penas de até 17 anos de prisão para manifestantes que depredaram sedes dos Três Poderes
O ex-presidente Jair Bolsonaro lamentou as depredações de prédios públicos no dia 8 de janeiro do ano passado em Brasília, quando mais de 4 mil manifestantes invadiram e destruíram os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, mas ao mesmo tempo atribuiu os atos à esquerda. As declarações de Bolsonaro foram feitas á CNN na quinta-feira, em Angra, e foram publicadas neste sábado.
Bolsonaro disse que seus seguidores não participaram do episódio. “Nós temos a certeza de que aquilo foi uma armadilha por parte da esquerda. Infelizmente, não foi para frente a investigação. Nem o próprio general G. Dias fez parte do corpo final da CPMI. Então, a CPMI não serviu para absolutamente quase nada. Lamentável. Não é do pessoal que nos segue, que nos acompanha, pessoal bolsonarista, pessoas de direita, pessoal conservador nunca foi de fazer isso aí”, disse Bolsonaro.
A informação que tinha, disse Bolsonaro, é que havia 300 pessoas no acampamento em frente ao Quartel General do Exército em Brasília, de onde saiu a maioria dos manifestantes e onde ele seriam presos após o quebra-quebra. O ex-presidente afirmou que as invasões dos prédios na Praça dos Três Poderes não configuraram golpe de Estado.
Bolsonaro diz que protestos em Brasília não tinha liderança
Para o ex-presidente, que é investigado por ter insuflado tentativa de golpe, não havia liderança no 8 de janeiro. “Para haver a tentativa [de golpe], tinha que ter uma pessoa à frente. Tudo que foi apurado não levantou nome algum. São suposições. Quem vai dar golpe com velhinhos, com pessoas idosas com bíblia debaixo do braço, com a bandeira na outra mão, com pessoas do povo, com vendedor de algodão-doce, com motorista de Uber, com menor de idade, com criança? Quem vai dar um golpe nesse sentido? E outra: foi em um domingo”, afirmou Bolsonaro.
Como argumento de que não houve tentativa de golpe, Bolsonaro afirma que o alvo dos protestos não era o presidente Lula. “Um golpe é contra um chefe de Estado, não é contra um ministro do Supremo, presidente da Câmara ou do Senado. É contra o chefe de Estado, que naquela manhã já havia ido para Araraquara — avisado por alguém do problema que ia ocorrer — e foi para Araraquara se encontrar com o prefeito do município”, disse.
Ele também criticou as penas impostas aos manifestantes, nos julgamentos do Supremo Tribunal Federal. “Lamentamos também as punições altíssimas que as pessoas sofreram. Até porque são culpadas, segundo o relator do STF, de uma tentativa armada, de mudar o estado democrático de direito. E nenhuma arma foi encontrada. (…) Nem traficante fica 17 anos de prisão”, completou o ex-presidente.