O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL), no primeiro turno no estado do Pará por 52,22% dos votos contra 40,27%. Mas em municípios conhecidos pela forte presença de garimpeiros, Bolsonaro levou a melhor. Em Itaituba, conhecida como “Cidade Pepita”, no sudoeste do estado, o presidente teve 57,78% dos votos contra 36,88% do petista. Como mostrou reportagem de VEJA publicada em abril, a prefeitura de Itaituba concedeu nos últimos anos mais de 400 licenças para garimpeiros e se tornou a origem declarada de 81% de todo o ouro classificado como ilegal no Brasil em 2019 e 2020, segundo um estudo da UFMG em parceria com o Ministério Público Federal. Ali, o garimpo, uma das atividades que mais destroem a Amazônia, tem uma participação fundamental na economia.
Nos municípios vizinhos, conhecidos pela atividade garimpeira e alvos frequentes da atuação do MPF, Bolsonaro também teve mais votos do que Lula. Em Novo Progresso, a votação foi de 79,6% contra 17,57% pró-Bolsonaro. Em Trairão, o resultado foi de 63,73% a 32,44% — o oposto do que foi registrado no conjunto do estado.
Desde seu início, o governo Bolsonaro tem acenado para os garimpeiros e, em geral, flexibilizado as medidas de combate a crimes ambientais. Em sua administração, por exemplo, diminuíram as destruições de maquinário usado nos garimpos, como escavadeiras e balsas, segundo autoridades que atuam na Amazônia. Um estudo realizado pela MapBiomas Brasil, divulgado em setembro, apontou que o garimpo passou de 99 mil hectares para 196 mil hectares no país entre 2010 e 2021, enquanto a mineração industrial precisou do dobro de tempo para crescer em proporção semelhante. O levantamento apontou também que 2022 é o terceiro ano consecutivo no qual as atividades de garimpo ocupam um território maior que a mineração industrial. Itaituba tem a maior área de garimpo do Pará, 57.215 hectares.