A juíza federal substituta Gabriela Hardt determinou neste domingo, 26, a prorrogação das prisões temporárias de dois membros da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) investigados pelo planejamento de ataques contra o senador Sergio Moro (União-PR) e sua família. Alvos da Operação Sequaz, que mirou a orquestração dos atentados, Valter Lima Nascimento, conhecido como Guinho, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Re, ficarão por pelo menos mais cinco dias presos, decidiu a magistrada.
Ao estender as prisões temporárias de Guinho e Re, a juíza não deferiu o pedido da Polícia Federal para que fossem decretadas as prisões preventivas de ambos e rejeitou os pedidos das defesas deles pela revogação das detenções deles.
“Os indícios trazidos pela Autoridade Policial no transcorrer das apurações dão conta que os investigados ocupam posição de liderança, sendo reconhecidos pelo uso de meios violentos para consecução de seus interesses espúrios. Desse modo, como já ponderando anteriormente, a decretação da prisão temporária tem como escopo evitar a destruição de provas, coação e até mesmo ameaça à integridade de testemunhas, bem como a impedir a fuga dos envolvidos, auxiliando a colheita de provas e interrompendo práticas delitivas”, decidiu Hardt.
Como mostra reportagem de VEJA desta semana, além de Sergio Moro e sua família, os criminosos tinham entre os alvos o promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo, um dos órgãos mais envolvidos na investigação do grupo, cujas origens estão no sistema prisional paulista. Ao cumprir determinação da juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, a PF prendeu nove acusados em São Paulo, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
O motivo do ataque seria mostrar contrariedade com o sistema rigoroso de visita aos presos, que atinge especialmente a cúpula da facção, abrigada em presídios de segurança máxima. A irritação com Moro é atribuída ao seu papel na transferência de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, o principal líder do grupo, para o presídio federal de Brasília, em 2019, quando ele era ministro da Justiça e Segurança Pública, no governo Jair Bolsonaro. A política de Moro envolveu outras dezenas de membros do comando da falange criminosa, que passaram a ter dificuldades para manter contato com aliados externos.
A investigação sobre o plano de retaliação do PCC começou quando, em meados de 2022, o promotor Gakiya interceptou conversas suspeitas durante sua atuação rotineira no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) — ele investiga a facção há mais de vinte anos. Chamou sua atenção o fato de integrantes da quadrilha conversarem sobre uma campana em frente à residência do ex-ministro. Ele alertou o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mario Sarrubbo, e encaminhou o caso à PF do Paraná. A partir de então, Moro reforçou a sua escolta. A ideia dos criminosos era sequestrar o senador ou um familiar próximo e negociar a troca por um preso, em especial Marcola.