O relatório da Polícia Federal sobre o plano para assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e à época presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, que motivou a Operação Contragolpe, deflagrada nesta terça-feira, 19, mostrou os apelidos dados aos alvos das tentativas de assassinato.
Segundo a PF, Moraes era chamado de “professora”, conforme indica conversa interceptada pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, e o coronel Marcelo Câmara, outro militar que assessorava o ex-presidente e é investigado por tentativa de golpe de Estado. Nas mensagens, Câmara informa Cid sobre a agenda de Moraes e as idas e vindas do ministro de São Paulo a Brasília em dezembro de 2022.
“Já no dia 21/12/2022, MAURO CID, utilizando o codinome ‘professora’, para não explicitar o nome do Ministro ALEXANDRE DE MORAES, pergunta para MARCELO CAMARA ‘Por onde anda a Professora?’. MARCELO CAMARA diz: ‘Informação que foi para uma escola em SP’. Ontem’”.
Ainda conforme o relatório, Lula era chamado de “Jeca”, e Alckmin de “Joca”. Os orquestradores do plano homicida acreditavam que a morte de ambos “abalaria toda a chapa vencedora” das eleições presidenciais. A investigação ainda aponta que os organizadores da trama menosprezaram os efeitos de um eventual assassinato do vice-presidente. “Como reflexo da ação, não se espera grande comoção nacional”, diz o trecho destacado sobre a “neutralização” de Alckmin.
Há ainda um outro nome: “Juca”, citado pelos militares como “iminência (o correto é eminência) parda do 01 e das futuras lideranças do futuro gov”. A apuração da PF diz que, na trama golpista, “sua neutralização desarticularia os planos da ‘esquerda mais radical’. “A investigação, no entanto, não obteve elementos para precisar quem seria o alvo da ação violenta planejada pelo grupo criminoso”, afirma a decisão de Moraes baseada no relatório.
A Operação Contragolpe prendeu preventivamente quatro militares por terem planejado a morte das autoridades. Os detidos foram o general da reserva Mário Fernandes – que atuou na Secretaria-Geral da Presidência sob Jair Bolsonaro e chegou a imprimir o plano nas dependências do Palácio do Planalto – o tenente-coronel do Exército Hélio Ferreira Lima, os majores Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, além do agente da Polícia Federal Wladimir Matos Soares, que teria vazado informações sobre a segurança de Lula aos golpistas.
Segundo fontes do alto escalão do Poder Judiciário, as novas revelações devem complicar ainda mais a vida de Jair Bolsonaro, pois são elementos que demonstram atos orquestrados para uma tentativa de ruptura democrática promovida por auxiliares próximos e do próprio ex-presidente, que pode ser indiciado por ter participado da elaboração de uma minuta de golpe.