A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) afirmou que tem pena do vice-presidente Hamilton Mourão. Eleita com 2 milhões de votos para a Assembleia Legislativa de São Paulo, Janaina foi convidada para o cargo de vice ainda antes da campanha eleitoral e recusou. “Quem estaria no inferno que está o Mourão seria eu”, diz ela, afirmando que não se arrepende da decisão. As declarações foram dadas ao Valor.
“Acha que eles estariam felizes comigo? Tenho certeza de que não. Então graças a Deus. Não poderia abrir a minha boca que iam achar que eu queria derrubar Bolsonaro. Tenho pena do Mourão, coitado”, afirmou a deputada. Janaina refere-se à disputa interna no governo entre militares e olavistas – ligados ao filósofo Olavo de Carvalho. Mourão é alvo de críticas dos olavistas, principalmente do vereador Carlos Bolsonaro. Mesmo não ocupando nenhum cargo oficial no Planalto, o filho do presidente é um dos nomes mais influentes no governo.
“Quando pedi o impeachment de Dilma, fui atacada pela esquerda, mas os ataques do Olavo foram muito mais duros. Estava isolada, agredida pela esquerda e comecei a ser metralhada por ele e pelos seguidores dele. Quando o presidente me convidou para ser vice, foi igual. Essas pessoas não queriam que eu fosse a vice e pediram Mourão. O presidente escolheu quem eles pediram. Agora estão atacando o homem. Dá para entender?”, afirmou.
Para Janaina, Carlos Bolsonaro “está em uma situação emocional que precisa ser compreendida” e, em consequência, Eduardo Bolsonaro protege o irmão. “Eles não vão mudar, é a dinâmica da família. Não tem jeito. Os quatro anos vão ser assim. A gente é que vai ter que se acostumar. Mas não consigo ver nada por parte do vice que enseje tanta preocupação”, disse a deputada.
A deputada também afirmou que, anteriormente, os olavistas já erraram com algumas posições e que eles devem estar errados sobre o Mourão. “Provavelmente estão errados com relação a Mourão. Estão criando uma conspiração onde não há. Falam com todas as letras que Mourão quer derrubar Bolsonaro. Não existe isso. A vida toda Olavo elogiou os militares e agora critica.” As divergências começaram quando Carlos postou um vídeo na conta do pai no YouTube no qual Carvalho criticava os militares — “são incultos e presunçosos”. Seu alvo era claro: o general Hamilton Mourão. Em tuítes após o episódio, o vice foi acusado de se opor às propostas do presidente, de se aliar a adversários, de se aproximar de empresários importantes, de bajular a mídia, de se apresentar como sensato e transigente — tudo isso, segundo Carlos, planejado para que Mourão se viabilize como alternativa de poder.