Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Carta ao Leitor: A fábrica de crises

As equipes que cercam Bolsonaro e Mourão estão empenhadas, por motivos mais ideológicos que políticos, em acirrar ânimos e provocar o choque entre os chefes

Por Da Redação Atualizado em 26 abr 2019, 07h00 - Publicado em 26 abr 2019, 07h00

O governo do presidente Jair Bolsonaro conseguiu uma vitória relevante no Congresso Nacional: aprovou, por 48 votos a 18, o projeto de reforma da Previdência Social. É apenas o primeiro passo de um longo caminho a percorrer, mas representa um avanço que, em governos normais, estaria sendo devidamente celebrado. No caso do governo de Bolsonaro, em vez de a conquista ser festejada, as atenções acabaram concentradas na crise da hora — agora envolvendo ninguém menos que o vice­-presidente, o general Hamilton Mourão.

Bolsonaro, incendiado pelo filho Carlos, o Zero Dois, está convencido de que Mourão tem feito movimentos conspiratórios contra o seu governo. Em reportagem produzida pela sucursal de VEJA em Brasília, publicada na página 38, o leitor tomará conhecimento dos bastidores — às vezes ininteligíveis, outras vezes inacreditáveis — dessa crise que, novamente, foi forjada na inclinação incontrolável deste governo à autossabotagem. É como se um fiscal do bolsonarismo, ao vagar entre ministérios e palácios, se orientasse por um lema de subversão mosqueteira: se está ficando bom para todos, alguém precisa estragar algo. É uma fábrica de crises sem capacidade ociosa.

O combustível da autossabotagem do governo é o caldeirão ideológico em que ele está mergulhado, no qual múltiplas correntes de direita se engalfinham por hegemonia e pelo controle da administração federal, ou setores dela. O Brasil, antes habituado às divisões entre “as esquerdas”, assim no plural, vem sendo introduzido às peripécias “das direitas”.

O lado supérfluo da crise de agora está nos confrontos entre militares e olavetes, como são chamados os apóstolos de Olavo de Carvalho. É supérfluo porque o guru do extremismo, pela essência da pregação e pelo histrionismo do pregador, uma hora voltará para seu recanto original: um ostracismo com certas curiosidades folclóricas.

Continua após a publicidade

O lado sério do salseiro é o confronto entre o presidente e o vice, pois aqui há impactos mais deletérios, a começar pelas repercussões institucionais. Como mostra a reportagem de VEJA, as equipes que cercam Bolsonaro e Mourão estão ambas empenhadas, por motivos mais ideológicos que políticos, em acirrar os ânimos e provocar o choque entre os chefes. São os peões das intrigas palacianas. O problema é que entre eles estão membros da família presidencial, sobretudo o Zero Dois, que comanda com notável rigor a ala mais produtiva da fábrica de crises.

Publicado em VEJA de 1º de maio de 2019, edição nº 2632

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.