A reunião do presidente Jair Bolsonaro (PL) com diplomatas nesta segunda-feira, 18, repercutiu de forma negativa na imprensa internacional. Os principais jornais do mundo destacaram os ataques do mandatário brasileiro às urnas eletrônicas e as ameaças de caráter golpista às eleições de outubro.
Durante o evento, o presidente divulgou notícias falsas sobre o processo eleitoral, como a de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não aceitou nenhuma sugestão das Forças Armadas para o pleito e de que as urnas eletrônicas só são utilizadas por mais dois países além do Brasil. Na verdade, o sistema eletrônico é usado em 46 países.
O jornal americano The New York Times, um dos mais influentes do mundo, afirmou que o discurso de Bolsonaro na reunião é “uma potencial prévia de sua estratégia para uma eleição que acontece daqui a 75 dias, para qual as pesquisas preveem que ele será derrotado”. A publicação também ouviu diplomatas que manifestaram preocupação com a situação, “incluindo a sugestão de Bolsonaro de que a maneira de garantir eleições seguras é por meio de uma participação maior dos militares”.
Além disso, o NYT comparou a estratégia de Bolsonaro à adotada pelo ex-presidente americano Donald Trump, que também descredibilizou a votação, sem provas, quando foi derrotado por Joe Biden em 2020 — o que culminou, inclusive, na invasão de seus apoiadores ao Capitólio, a sede do Congresso dos Estados Unidos.
O também americano The Washington Post destacou que Bolsonaro não apresentou nenhuma prova sobre suas alegações de fraude em eleições passadas e repercutiu as declarações do presidente do TSE, ministro Edson Fachin, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre a reunião. Ambos repudiaram o discurso do presidente aos diplomatas.
“Ataque de Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro gera indignação”, noticiou o britânico The Guardian. O jornal relatou que Bolsonaro disse aos diplomatas que o sistema eletrônico de votação no Brasil, usado sem controvérsias desde 1996, é vulnerável. “O discurso levanta preocupações de que o político populista — que enfrenta resultados ruins nas pesquisas — possa tentar descredibilizar o processo democrático se perder em outubro”, diz um trecho da matéria.
A agência Reuters classificou Bolsonaro como um “nacionalista de extrema direita” que ecoou as alegações infundadas de fraude do ex-presidente Donald Trump.
A reunião também repercutiu no jornal francês Le Temps. “A menos de três meses das eleições presidenciais, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro voltou a questionar o sistema eleitoral diante de dezenas de embaixadores”, diz a reportagem. O veículo ressaltou que as urnas eletrônicas demonstram sua confiabilidade desde 1996.