A única magistrada do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, que recebeu como “herança” do ministro Alexandre de Moraes a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), terá agora a relatoria do inquérito que apura a disseminação de notícias falsas sobre as enchentes do Rio Grande do Sul, que tem, como alvos, políticos e militantes bolsonaristas que protagonizaram ataques aos membros e às ações do governo federal.
O inquérito é sigiloso e foi aberto a partir de um pedido, feito pela Secom (Secretaria de Comunicação do Governo Federal), direcionado ao Ministério da Justiça, comandado pelo ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski, que depois remeteu o caso à Polícia Federal. O ofício elaborado pela pasta de Paulo Pimenta contém uma lista com doze situações em que houve disseminação de notícias falsas sobre a situação no Rio Grande do Sul.
Uma das que tomou maior proporção envolve o blogueiro e coach Pablo Marçal, que disse, nas suas redes sociais, que a Secretaria da Fazenda do RS estaria barrando os caminhões de doações às vítimas das enchentes. Outro indicado no ofício da Secom é o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que disse na sua conta do X (antigo Twitter) que o governo federal demorou quatro dias para enviar ajuda aos gaúchos.
Os demais alvos do pedido de investigação são sites, blogueiros e perfis de redes sociais que atacam membros do governo Lula. “O publicador Pavão Misterious publicou dizendo que ‘os empresários que apoiam o Lula e que não moveram um dedo pra ajudar as vítimas do Rio Grande do Sul’. E mencionou Luiza Trajano, Emilio e Marcelo Odebrecht, Joesley e Wesley Batista, e Jorge Paulo Lemmann”, diz o primeiro item do ofício.
Outro indicado pela Secom é o blogueiro bolsonarista Thiago Asmar, dono do perfil de Instagram “Pilhado”, que isse que o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, está ajudando o Brasil mais do que o governo federal. O caso foi distribuído para Cármen Lúcia na última sexta, 10.
Justiça Eleitoral
Cármen foi eleita para a presidência do TSE no último dia 7 através de uma votação pro forma — os ministros elegem para a cadeira o magistrado mais antigo do STF que esteja na Corte e que ainda não tenha passado pela posição. No entanto, a passagem da ministra será breve. Ela assume depois do dia 3 de junho, quando acaba o mandato de Moraes, e fica só até o fim de agosto, quando termina a sua passagem pelo Tribunal Eleitoral.
Depois, quem assume a presidência da Corte é o vice, ministro Nunes Marques, que foi indicado por Bolsonaro ao STF.