O governo federal vai trocar o ministro de Portos e Aeroportos nesta semana, mas manterá o posicionamento contrário à privatização do Porto de Santos. O deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que tomará posse em substituição a Márcio França (PSB), é contrário, assim como o seu antecessor, à proposta de entregar o maior porto do país à iniciativa privada.
O posicionamento coloca em campos opostos o futuro ministro e seu ilustre colega de partido, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que tem a concessão do porto à iniciativa privada como uma de suas principais bandeiras. “Sou contra a privatização do Porto de Santos”, disse Costa Filho à VEJA, logo após o anúncio de sua nomeação pelo governo federal.
Desde a campanha para o governo de São Paulo, no ano passado, Tarcísio tem defendido que a privatização do porto “vai gerar milhares de empregos”. Eleito governador, ele chegou a se reunir com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para discutir o assunto, mas encontrou a resistência à proposta no ministério comandado por Márcio França, que tem base eleitoral em São Vicente, na Baixada Santista. O ministro afirmou, em julho, que Tarcísio estaria propenso a abandonar a ideia de privatizar o porto em troca de um acordo que garantiria o financiamento do governo federal a parte das obras do túnel Santos-Guarujá — o que é contestado por interlocutores do governador.
Com a troca de ministros, o governo federal mantém o posicionamento, ainda que o novo ministro seja do partido de Tarcísio. A nomeação de Silvio Costa Filho é vista, dentro do Republicanos, como uma indicação pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e não do partido. O deputado terá, inclusive, que se licenciar da legenda para assumir o ministério. A avaliação de interlocutores, no entanto, é que a chegada do parlamentar à pasta irá estreitar a relação com o governador.