O partido de Luiz Inácio Lula da Silva vai engrossar a estratégia do governo federal de tentar recuperar a popularidade junto ao eleitor religioso, apontado por aliados e pelas últimas pesquisas de opinião como o segmento que mais contribuiu para queda da popularidade do presidente. Em maio, o PT vai promover o curso “Fé, política e democracia” voltado a qualificar e ampliar a atuação da militância petista nos templos religiosos e combater as fake news propagadas por bolsonaristas.
O curso será promovido pela Fundação Perseu Abramo, braço teórico do PT. Inicialmente é voltado para os católicos, mas há previsão de atingir outros segmentos, principalmente os evangélicos, onde há forte apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. As inscrições estão abertas e as aulas serão on-line, às quartas-feiras, entre os dias 15 de maio e 19 de junho, das 19h às 21h. A aula inaugural será no dia 13 de maio.
O secretário de Comunicação do PT, o deputado federal Jilmar Tatto (SP), lembra que a história do partido está relacionada à atuação das comunidades eclesiais de base da Igreja Católica, mas reconhece que a questão da religião dentro do PT nos últimos anos ficou “um pouco marginalizada”.
“Temos que resgatar o que foi a origem do PT. O militante que professa uma religião, seja ela evangélica, católica, muçulmana, ou religiões afro, ele tem que estar no PT e tem que estar atuando lá dentro (das igrejas). É assim que vamos dialogar com esse povo que às vezes está se afastando”, afirmou Tatto. “O curso serve para preparar essas pessoas para que possam efetivamente ser militantes com qualidade, para atuar junto a pessoas que talvez já estiveram mais próximas do PT”.
Campanha
O curso se soma à campanha publicitária lançada no início de abril pelo governo federal voltada para atingir o público religioso — em especial os evangélicos. Com o lema “Fé no Brasil, bom para todos”, a campanha tem o propósito de divulgar de forma mais eficiente as ações do governo e fazer com que elas resultem no aumento do otimismo da população.
O mote foi definido com a contribuição informal do publicitário Sidônio Palmeira, responsável pela campanha que elegeu Lula para o terceiro mandato e autor do lema do governo “Brasil, União e Reconstrução”. Sidônio foi chamado após o diagnóstico de que a avaliação do governo registrava piora mesmo após a divulgação de dados positivos na economia, como queda de inflação e do índice de desemprego. A avaliação é que o governo é melhor do que sua percepção.
No início de abril, a pesquisa Genial/Quaest apontou que a avaliação negativa do governo subiu cinco pontos percentuais em relação a dezembro e chegou a 34%, encostando na positiva (35%). E a desaprovação do presidente passou de 43% para 46% no mesmo período. Entre os evangélicos, o índice de reprovação chegou a 62%, segundo a pesquisa. Já o percentual de aprovação do trabalho de Lula caiu de 54% para 51%.
Pregação no agreste
Em paralelo à campanha, Lula passou a usar com mais frequência expressões religiosas em seus discursos. No início de abril, ao discursar no agreste pernambucano, Lula usou a fé como fio condutor de seu discurso. Lula também escalou ministros com mais interlocução entre os evangélicos, como o vice Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), além do Advogado-geral da União, Jorge Messias, para fazer o corpo a corpo e aumentar a interlocução com parlamentares representantes do segmento.