Conhecedor da linguagem das igrejas pentecostais, onde costuma pregar como convidado, o pastor Paulo Marcelo Schallenberger, apoiador da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, afirma que os bolsonaristas ainda estão explorando a fala do petista sobre o aborto para criar uma “cortina de fumaça” com o objetivo de tirar a atenção do escândalo dos pastores que atuavam no Ministério da Educação. “Vão ficar nisso aí para encobertar o caso do MEC”, diz Schallenberger. A atuação de dois pastores na pasta, suspeitos de intermediar o repasse de recursos públicos a prefeituras, está agora na mira de senadores da oposição, que tentam instalar uma CPI para investigar o caso.
O pastor também vê como cortina de fumaça as críticas que aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) têm feito à atriz Taís Araujo, que protagoniza o filme Medida Provisória, obra que aborda o racismo. Ela virou alvo de publicações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), do ex-secretário de Cultura Mario Frias e do ex-presidente da Fundação Palmares Sérgio Camargo depois de dizer que, sob o atual governo, o Brasil está vivendo “quatro anos infernais”.
“Eles falam de aborto, criticam a atriz Taís Araujo, mas por que não se pronunciam sobre o vereador Gabriel Monteiro? Até agora, Silas Malafaia, Magno Malta, Damares Alves, ninguém se pronunciou. Eles são contra o aborto, mas uma criança abusada não tem problema nenhum? Eles têm que fingir que não estão vendo porque ele (Gabriel Monteiro) é bolsonarista? É muita cortina de fumaça para alguns assuntos enquanto encobertam outros”, provoca o pastor ligado a Lula. Vereador no Rio pelo PL, partido de Bolsonaro, Gabriel Monteiro é investigado por ter tido relações sexuais com uma adolescente e por suspeitas de assédio moral e sexual, o que pode levá-lo a perder o mandato. Nesta segunda-feira, 11, um novo vídeo do vereador, no qual ele acaricia uma criança, causou revolta nas redes sociais. Ele nega ter cometido crimes.