Enquanto Bolsonaro ameaça Globo, governo multiplica publicidade na rede
Emissora vem recebendo desde o início do ano um volume maior de verbas de propaganda dos ministérios da Cidadania, da Saúde e das Comunicações
A semana começou com mais uma ameaça do presidente Jair Bolsonaro direcionada à Rede Globo. Num tom que infla sua base mais fiel de apoiadores, Bolsonaro disse em entrevista na Rádio Tupi do Rio de Janeiro que a emissora terá “dificuldades” em renovar sua concessão com o governo federal, que vence no fim de 2022, apesar de não caber ao chefe do Executivo a decisão pela renovação ou não de concessões públicas de redes de televisão ou rádios.
Por ironia, enquanto Bolsonaro fustiga em público a Globo, o governo federal aumenta a publicidade na rede. Segundo a aba de despesas públicas no Portal da Transparência, foram repassados mais de 560 000 reais em verbas de publicidade para a Rede Globo desde o começo de 2022, em contratos que têm como órgãos pagadores o Ministério da Cidadania, o Ministério da Saúde e o Ministério das Comunicações. O valor é quase cinco vezes maior que o investido no mesmo período de 2021, quando o governo pagou a Globo cerca de 117 000 reais, de acordo com a mesma planilha.
Recentemente, VEJA também apontou que a Globo voltou no ano passado a liderar a preferência na propaganda oficial do governo. A emissora recebeu 65 milhões de reais ao longo de 2021, contra 53,9 milhões da Record, que havia sido a número um em 2020.