Deputados querem ação contra Silvinei Vasques por mentira na CPMI
Ex-diretor da PRF apresentou dados diferentes dos divulgados pelo Ministério da Justiça
A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) pediram que a CPMI que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro apresente notícia-crime contra o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques por mentir em depoimento na terça-feira, 20.
Vasques, que foi diretor da PRF durante o governo de Jair Bolsonaro, disse à Comissão que Norte e Nordeste foram as regiões menos fiscalizadas pela instituição em 30 de outubro, dia do segundo turno das eleições de 2022. Os parlamentares afirmam que os dados apresentados pelo ex-diretor divergem dos divulgados pelo Ministério da Justiça, que mostram que a maioria dos ônibus parados pela polícia nesta data estava no Nordeste — região onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mais votos.
De acordo com a pasta, a PRF tinha 290 pontos fixos de fiscalização no Nordeste no dia 30 de outubro de 2022, quantidade maior que a registrada no Sudeste (191), Sul (181), Centro-Oeste (153) e Norte (96). Segundo os deputados, a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), aceitou o pedido para apresentar notícia-crime e vai incluir o fato no relatório final.
“Nós notamos que os dados não batem e que provavelmente ele tenha faltado com a verdade. É necessário que se investigue. Nós perdemos o flagrante, mas esperamos que agora se corram os trâmites necessários para que a gente mostre a seriedade dos trabalhos da CPMI e para que os convidados e convocados não venham até aqui e faltem com a verdade’, diz Erika Hilton.
“Aquilo que Silvinei Vasques disse está errado e o próprio documento do Ministério da Justiça, com base em dados da PRF, comprova isso. Fizemos a questão de ordem, a relatora acatou e vai enviar ao Ministério Público a notícia-crime”, completa Vieira.
Durante o depoimento, Vasques também afirmou que o Nordeste seria a região com maior quantidade de acidentes de trânsito em rodovias federais com vítimas, maior apreensão de armas de fogo e maior número de crimes eleitorais no ano passado. Porém, dados divulgados pela própria PRF e pelo Ministério da Justiça mostram que o Sudeste liderou em número de acidentes e o Norte registrou maior número de prisões relacionadas às eleições. Uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança aponta que o Sudeste teve mais apreensões de armas de fogo do que as outras regiões.