Decisão contra perfis de direita gera novos ataques bolsonaristas ao TSE
Enquanto líderes tentam conter ofensiva do governo contra as Cortes, presidente e deputados atacam decisão de desmonetizar contas de aliados nas redes
No momento em que articuladores políticos do governo e líderes do Congresso tentam colocar panos quentes nos ataques de Jair Bolsonaro aos ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, os bolsonaristas — incluindo o presidente — encontraram mais um motivo para engrossar a ofensiva contra as Cortes superiores.
A decisão monocrática do corregedor do TSE, ministro Luís Felipe Salomão, de desmonetizar, ou seja, bloquear o repasse de dinheiro de publicidade das redes sociais para canais e blogs suspeitos de divulgarem fake news sobre eleições e urnas eletrônicas gerou uma nova onda de ataques bolsonaristas ao Judiciário.
Logo no início da manhã desta terça-feira, 17, o filho Zero Três do presidente, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), chamou a decisão do TSE de “mais um passo da ditadura”. “Em decisão monocrática, corregedor do TSE determina a desmonetização dos canais e que eles sumam das ferramentas de buscas. Receberam a sanção sem o devido processo legal, sem contraditório e ampla defesa”, escreveu no Twitter.
Mais um passo da ditadura. Em decisão monocrática corregedor do TSE determina a desmonetização dos canais e que eles sumam das ferramentas de buscas
Receberam a sanção sem o devido processo legal,sem contraditório e ampla defesa,por crime sem de "fake news" (sem previsão legal): pic.twitter.com/x0admoh6oN
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) August 17, 2021
Pouco depois, o próprio presidente, em entrevista à rádio Capital Notícia, de Cuiabá, engrossou o ataque. “O corregedor do TSE, o senhor Salomão, está mandando desmonetizar a página de quem diz que as urnas não são confiáveis ou precisam de uma maneira de serem auditadas. É isso que acontece no Brasil: a hipocrisia. Pouca gente tem coragem de falar a verdade. Nós temos que resistir”, disse.
A deputada Bia Kicis (PSL-DF), uma das mais ativas bolsonaristas nas redes sociais, afirmou que a decisão é uma “censura proibida pela Constituição Federal” e que há uma ofensiva contra representantes do seu espectro político. “A cada dia uma nova medida. Todas contra conservadores. É o vale-tudo contra qualquer um que apoie as pautas da direita”.
O deputado Filipe Barros (PSL-PR), que foi o relator da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do voto impresso rejeitada pela Câmara, também criticou a decisão e disse ser a favor do fim da Justiça eleitoral.
O modelo de governança eleitoral brasileiro é uma excrescência jurídica que só existe por aqui: administram as eleições, legislam e julgam.
Eu defendo o fim das justiças eleitoral e trabalhista, a fim de que suas atribuições sejam incorporadas pela justiça federal.
— Filipe Barros (@filipebarrost) August 17, 2021
A decisão de Salomão atinge alguns dos principais perfis bolsonaristas nas redes sociais, como o Jornal da Cidade Online, o Terça Livre, o Vlog do Lisboa, o Folha Política e o Taoquei, todos listados por Eduardo Bolsonaro como atingidos pelo bloqueio.