Relator da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o deputado João Hermeto de Oliveira (MDB) pediu o indiciamento do ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no início do governo Lula, general Marco Edson Gonçalves Dias, conhecido como GDias, mas poupou o ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-ministros de sua gestão.
O texto do parlamentar distrital, lido na sessão desta quarta-feira, 29, diverge do relatório apresentado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) em outubro na CPMI do 8 de Janeiro, que tramitou no Congresso e pediu indiciamento de Bolsonaro e quatro ex-ministros, além de ex-chefes das Forças Armadas e sete ex-integrantes do GSI, mas poupou G. Dias.
Apesar de o nome de Bolsonaro ser citado quarenta vezes no relatório do Legislativo do DF, inclusive apontado como autor da retórica que inspirou as manifestações do dia 8 de janeiro, o relator afirmou que durante os trabalhos da CPI não foram encontradas “evidências sólidas ou informações concretas” que sustentem a alegação de que o ex-presidente tenha planejado ou executado um golpe de estado no Brasil. “Questões afetas a esse tipo de discussão precisam ser tratadas com ceticismo e baseadas em informações verificáveis, de forma que se evite a propagação de teorias da conspiração”, afirmou o deputado distrital.
PMs poupados
As diferenças entre os dois relatórios não param por aí. Ex-policial militar, Hermeto não pediu indiciamento de integrantes da chefia da PM do Distrito Federal, que era responsável pela segurança da Praça dos Três Poderes quando milhares de manifestantes bolsonaristas invadiram e depredaram os prédios do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal. Em outubro, Eliziane pediu o indiciamento de sete pessoas que, no dia dos atos de vandalismo, faziam parte da cúpula da PM-DF.
Ao todo, Hermeto pediu indiciamento de 121 pessoas, quase o dobro dos pedidos feitos por Eliziane. Além de indiciamentos, o relator propõe medidas como recomposição de efetivo e de salários nas polícias Militar e Civil do DF, além da criação de uma Comando de Policiamento da Esplanada, para atuação exclusiva na proteção dos prédios dos ministérios.