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Maquiavel

Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Citada na denúncia do MP, Ellen Rocche foi assediada por Marcius Melhem?

Atriz foi colega do ex-chefe do humor da Rede Globo em programas como Zorra Total

Por Sergio Ruiz Luz Atualizado em 13 Maio 2024, 22h51 - Publicado em 11 ago 2023, 17h00
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  • Assinada por Isabela Jourdan e Fernando Cury, a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro transformou Marcius Melhem em réu pelo crime de assédio sexual por três denúncias, descartando as acusações de Dani Calabresa e de outras quatro mulheres. Uma delas, Suzy Pires, a propósito, antes disso havia comunicado às autoridades, incluindo Isabela Jourdan, que tinha sido relacionada de forma equivocada como vítima no processo — mesmo assim, a dupla de promotores cita a prescrição dessa “acusação”. A denúncia do MPRJ fala de outras profissionais que também teriam sido vítimas do ex-chefe do humor da Globo, sendo que a análise de tais fatos também foi prejudicada pela prescrição, segundo Jourdan e Cury. A citação causa estranheza, pois algumas delas nunca se colocaram na condição de vítimas no inquérito da Delegacia de Atendimento à Mulher do Rio de Janeiro (Deam).

    Um exemplo é Barbara Duvivier, que manteve com Melhem um relacionamento amoroso de quase sete anos no período em que ambos eram casados. Ela não ofereceu denúncia contra ele e consta no processo como testemunha de acusação — e não como vítima, portanto.  Em seu depoimento na delegacia, Barbara diz que Melhem não a deixava terminar a relação usando seu poder hierárquico dentro da emissora, oferecendo “proposta de trabalho, de aumento de salário e de promoção de cargo”. Barbara é enteada de Maria Clara Gueiros, uma das mulheres que iniciou um movimento interno na Globo para investigar Melhem. Segundo Dani Calabresa contou à Ouvidoria do Ministério Público, Maria Clara Gueiros passou o ano de 2019 tentando convencê-la a denunciar o ex-diretor global.

    De acordo com Melhem, Barbara espalhou a versão de chefe assediador para evitar o constrangimento de assumir o namoro clandestino com ele quando a família dela começou a desconfiar dessa relação extraconjugal. Em mensagens de WhatsApp anexadas por ele ao processo, Barbara reconhece a uma colega da Globo que havia mentido sobre a história do assédio: “Mas nada planejado maquiavelicamente, foi um redemoinho que eu fui entrando, e quando vi não conseguia sair”.

    Além de Barbara, os promotores Isabela Jourdan e Fernando Cury citam como possível vítima de assédio sexual a atriz e modelo Ellen Rocche, que foi colega de Melhem nos programas Zorra Total e Escolinha do Professor Raimundo. O nome de Ellen é citado no depoimento de duas testemunhas da acusação. Uma dessas testemunhas é justamente Maria Clara Gueiros, a mesma que se esforçou para convencer colegas a denunciarem Melhem. Em seu relato, Gueiros afirma que Ellen teria sido agarrada por ele dentro de um carro após um almoço em uma churrascaria na Barra da Tijuca.

    Em seu depoimento, feito por meio de carta precatória em 25 de outubro de 2021, no entanto, Ellen Roche inocenta Marcius Melhem da acusação de assédio sexual. Diz que nunca o viu desrespeitar qualquer colega de trabalho e que eram comuns brincadeiras entre atores e atrizes durante as gravações dos programas. Sobre o episódio da churrascaria da Barra da Tijuca, conta que se sentiu constrangida com a insistência dele em lhe oferecer carona — e não fala nada sobre um suposto ataque dentro do veículo. Em outra ocasião, ainda de acordo com o depoimento de Ellen, Melhem perguntou a ela, na frente de outras pessoas, se poderia visitá-la no hotel em que estava hospedada, “para lhe mostrar um texto”.

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    Ellen disse às autoridades que levou o caso na brincadeira, até que ocorreu outra investida semelhante dele no corredor ao lado de um camarim. Para se livrar da situação, ela o repreendeu, dizendo que Melhem era um homem casado e que tal tipo de brincadeira deveria cessar naquele momento. De acordo com Ellen, após essa reação, ele nunca mais se dirigiu a ela dessa forma. Perguntada a respeito do processo do Compliance da Rede Globo, afirmou que, ao ser procurada pelos profissionais desse departamento, negou também o assédio sexual. Ao final do depoimento enviado à Deam, foi ainda questionada se trabalharia novamente com Melhem. A resposta: “sim, pois não tem nada contra ele”.

    A reportagem de VEJA questionou o MPRJ sobre o caso e o órgão se manifestou por meio da seguinte nota: “Esclarece o MPRJ que inicialmente constava apenas uma vítima nos autos do inquérito policial. No curso das investigações, conforme as testemunhas prestavam esclarecimentos, novos fatos surgiram envolvendo outras vítimas da mesma conduta sob apuração, passando algumas testemunhas a serem consideradas possíveis vítimas. Inúmeros aditamentos ao Registro de Ocorrência foram realizados pela Polícia para inclusão de novas vítimas, bem como outras testemunhas foram igualmente identificadas como vítimas pelos promotores de Justiça em atuação. Importante ressaltar que a apuração do Ministério Público não está restrita às vítimas identificadas pela autoridade policial. Reiteramos que outras informações não podem ser divulgadas, uma vez que o caso tramita sob sigilo de Justiça”.

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