Situado aos pés da Serra do Caraça, a cerca de 120 quilômetros de Belo Horizonte, a pequena Catas Altas se assemelha a centenas de povoados mineiros com origens ligadas, em sua maioria, à exploração de ouro durante o período colonial brasileiro. No entanto, uma particularidade distingue o município de seus arredores: com PIB per capita de 920.833 reais, Catas Altas lidera o ranking brasileiro em distribuição de riqueza, segundo dados publicados nesta sexta-feira, 15, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O PIB de Catas Altas, que tem pouco mais de 5.400 habitantes, superou 5 bilhões de reais em 2021, de acordo com o IBGE. Praticamente toda a riqueza produzida vem da mineração de ferro pela Vale no município — uma das muitas operadas pela companhia em Minas Gerais, que comercializa mais de 225 milhões de toneladas do minério somente com a produção do estado.
O turismo desponta como atividade secundária no município, que tem todo o seu perímetro urbano tombado como patrimônio histórico e cultural. Entre os pontos mais visitados estão as igrejas de Santa Quitéria e de Nossa Senhora da Conceição, ambas construídas no século XVIII, e o Bicame da Pedra, um aqueduto construído por escravos em 1792.
Catas Altas ainda compartilha com a cidade vizinha, Santa Bárbara, a manutenção do Santuário do Caraça, um complexo que abriga mais de 10 mil hectares de área de preservação natural, além de conservar templos históricos e representar um popular destino de peregrinação católica.
Cidades do Maranhão estão na rabeira
Depois de Catas Altas, completam o pódio dos maiores PIBs per capita as cidades de Canaã dos Carajás (PA), com 894.806 reais, e São Gonçalo do Rio Abaixo (MG), com 684.168 reais — ambas também ancoradas na mineração.
Na ponta de baixo do ranking, três municípios maranhenses tinham os menores PIB per capita em 2021: Santana do Maranhão, com 5.407 reais; Primeira Cruz, com 5.732 reais; e Matões do Norte, com 5.737 reais.
PIB menos concentrado nas capitais
Os números divulgados hoje pelo IBGE indicam uma tendência de desconcentração do PIB — em outras palavras, a atividade econômica está gradativamente menos restrita às grandes concentrações urbanas e vem se deslocando para municípios mais ao interior do Brasil.
Um exemplo é a cidade de São Paulo, que produziu 15,4% da riqueza nacional em 2021, após contribuir com 16,2% no ano anterior. Das 185 concentrações urbanas categorizadas pelo IBGE, 53 aumentaram sua parcela na atividade econômica brasileira, enquanto as demais 132 reduziram sua participação.
Apesar do movimento rumo ao interior, as capitais e zonas metropolitanas ainda têm peso desproporcional na produção de bens e serviços no país. De acordo com o instituto, em 2021, um quarto do PIB brasileiro foi gerado por onze municípios: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Manaus, Curitiba, Osasco (SP), Maricá (RJ), Porto Alegre, Guarulhos (SP) e Fortaleza, nesta ordem.