A partir de 2024, a cidade de Porto Alegre celebrará o “Dia Municipal do Patriota” em 8 de janeiro — data em que ocorreram, no início deste ano, o movimento de inspiração golpista que depredou os prédios dos Três Poderes, em Brasília, motivado pela derrota eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro. A proposta foi promulgada em 7 de agosto pelo presidente da Câmara, Hamilton Sossmeier, do PTB, partido que tem como presidente de honra o ex-deputado federal Roberto Jefferson, notório apoiador de Bolsonaro e preso desde outubro após atirar com fuzis e granadas contra agentes da Polícia Federal durante uma operação em sua casa.
O autor da proposta é o vereador Alexandre Bobadra, do PL de Bolsonaro, que teve o mandato cassado no último 15 de agosto pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio Grande do Sul por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação. A ação foi movida em 2020 por integrantes do PSL (hoje União Brasil), sigla da qual Bobadra era presidente municipal, que o acusaram de concentrar recursos do fundo eleitoral e tempo de TV e rádio em sua candidatura à Câmara. Mesmo afastado do cargo, o vereador pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a cassação.
No texto que propõe o “Dia do Patriota”, não há justificativa explícita para escolher a data de 8 de janeiro para a efeméride. No mês passado, os vereadores da capital gaúcha aprovaram a concessão do Troféu da Câmara de Porto Alegre a Jair Bolsonaro, outro projeto de Bobadra, que justificou a proposta classificando o ex-mandatário como “o melhor presidente da História” e “um ser humano fantástico”.