Bolsonaro: acordo entre WhatsApp e TSE é ‘inaceitável’ e ‘não será cumprido’
Presidente criticou a empresa por ter aceitado adiar para depois da eleição a ferramenta que permite agregar milhares de usuários em um grupo
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse mais de uma vez nesta sexta-feira, 15, que o acordo entre o WhatsApp e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para adiar para depois das eleições a implantação de uma ferramenta que permite agregar milhares de usuários em grupos é “inaceitável” e “não será cumprida”.
“E já adianto. Isso que o WhatsApp está fazendo no mundo todo, sem problema. Agora, abrir uma excepcionalidade para o Brasil, isso é inadmissível, inaceitável, e não vai ser cumprido, este acordo que porventura eles realmente tenham feito com o Brasil, com informações que eu tenho até o presente momento”, disse antes de sair em uma motociata da cidade de São Paulo até Americana, no interior do estado.
Ao chegar ao destino, ele reafirmou a crítica, mas em nenhuma das ocasiões explicou como pretende impedir o cumprimento de uma decisão anunciada por uma empresa privada.
A ferramenta, que deverá se chamar Comunidades, permite agregar diferentes grupos em um espaço compartilhado, com potencial de enviar avisos para milhares de pessoas ao mesmo tempo. Hoje, o aplicativo comporta até 256 membros em um grupo.
O serviço começará a ser testado em breve no mundo todo, mas no Brasil ficará para depois do processo eleitoral, segundo anúncio feito pelo próprio WhatsApp, que fechou acordo em fevereiro com o TSE para tomar medidas que impeçam a proliferação de fake news e de mensagens de ódio durante a eleição. “É uma medida de cautela para não haver nenhum ruído em um ano de eleição, um ano complicado”, disse Dario Durigan, gerente de políticas públicas do WhatsApp.
A ampliação da capacidade de envio de mensagens em massa pelo WhatsApp interessa ao bolsonarismo, que já se valeu desse esquema na eleição de 2018 e pretende utilizá-lo novamente neste ano. Tanto que a família do presidente e apoiadores dominam hoje o Telegram, onde são permitidos grupos com até 200.000 pessoas, como mostrou reportagem de VEJA deste mês.