Menos de 24 horas após o início do bloqueio do X (ex-Twitter) no Brasil, a crise entre a rede social e a Justiça já é destaque no noticíario internacional. Desde a última sexta-feira, 31, a suspensão do acesso à plataforma ocupa as manchetes dos principais veículos de imprensa do mundo e traz atenção global às tensões entre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o bilionário Elon Musk.
O jornal norte-americano The New York Times relata o bloqueio como “uma batalha entre Musk e um juiz brasileiro sobre o que pode ser dito online”. Segundo o períodico, as tensões representam um “teste” para o bilionário em sua missão de “transformar a rede em uma praça digital onde vale tudo”.
O Washington Post, também dos Estados Unidos, classifica a crise como “uma escalada na contenda que se estende há meses” entre Musk e Moraes em relação a “liberdade de expressão, perfis de extrema direita e desinformação”. O jornal inclui a citação a um trecho da decisão judicial de Moraes: “Elon Musk mostrou total desrespeito pela soberania brasileira, colocando a si mesmo como uma entidade supranacional imune às leis”, escreveu o ministro.
‘Vigilante brasileiro’
Na Reuters, maior agência global de notícias, o ministro Alexandre de Moraes é mencionado como “vigilante brasileiro”. Segundo a reportagem, “Musk alega que Moraes tenta impor censura injustificada, enquanto o juiz insiste que as redes sociais precisam de regulamentação sobre discurso de ódio” — o texto acrescenta que o bloqueio pode agravar a crise financeira do X, que já sofre com a queda de receita publicitária na plataforma.
Rede já está inacessível para usuários
Desde a madrugada deste sábado, um número crescente de usuários do X relatam que já estão sem acesso à plataforma. Já na noite de ontem, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) começou a notificar as prestadoras de internet para que bloqueiem o endereço da rede social para os clientes.
Atualmente, mais de 20 mil provedores de internet operam em todo o território nacional. A expectativa é que o site esteja completamente inacessível no país a partir da noite do próximo domingo, 1º.
Motivada pela falta de representantes legais do X no Brasil, a ordem de bloqueio, inicialmente, extendia a proibição do acesso à rede também através de VPNs (Redes Virtuais Privadas, em inglês), servidores privados internacionais que podem burlar restrições à internet. No entanto, após repercussão fortemente negativa, Moraes emitiu uma nova medida suspendendo a proibição do uso destes provedores.