A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira, 2, o hacker Walter Delgatti Neto, que ganhou notoriedade por divulgar conversas sigilosas envolvendo membros da Lava-Jato, no caso que ficou conhecido como “Vaza-Jato”. Na mesma operação, a PF realizou buscas em endereços da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) em São Paulo e Brasília.
Ambos são suspeitos de orquestrar a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrida em janeiro deste ano, com o objetivo de plantar documentos falsos incriminando o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A parceria entre Zambelli e Delgatti é, no entanto, mais antiga que a violação dos arquivos do CNJ — em 2022, a parlamentar já havia contratado o hacker para colaborar com o projeto bolsonarista de desacreditar as urnas eletrônicas e tentar sabotar o resultado das eleições presidenciais, conforme revelou o próprio Delgatti a VEJA em matéria publicada em fevereiro deste ano, do repórter Reynaldo Turollo Jr.
Em agosto do ano passado, a parlamentar articulou uma reunião entre Delgatti e o então presidente Jair Bolsonaro, em visita que também foi flagrada com exclusividade por VEJA — leia reportagem aqui. Durante o encontro, realizado fora da agenda oficial, Bolsonaro teria proposto a Delgatti que ele assumisse a autoria de um grampeamento ilegal de Moraes que, mais cedo ou mais tarde, viria a público. “Eles precisam de alguém para apresentar (os grampos) e depois eles garantiram que limpam a barra”, confidenciou a VEJA.
Além de interceptar as comunicações de Moraes, o hacker também conversou com militares das Forças Armadas, também a mando de Zambelli, como mostrou VEJA, para fortalecer a teoria conspiratória propagada por bolsonaristas de que as urnas eletrônicas apresentariam falhas técnicas que as invalidariam como sistema eleitoral.