Não é de hoje que críticos do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, agora pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, o acusam de ter sido treinado por autoridades dos Estados Unidos para destruir a economia brasileira. A declaração mais recente nesse sentido partiu da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). “É uma sandice esse negócio de vender a Petrobras. Os Estados Unidos fazem guerra com o mundo por petróleo, invadem países, matam. Aqui, não. Só precisaram do Moro, que foi treinado no Departamento de Justiça norte-americano para fazer o desmonte de uma das maiores empresas do mundo”, disse, em entrevista à TV Fórum.
A história – que até aqui não passa de fake news, pois carece de provas – ganhou força na internet a partir de 2016, no auge da Lava Jato, após um documento oficial de autoridades norte-americanas, que citava o nome do então juiz, ser vazado pelo site Wikileaks. O documento, um informe enviado de Brasília para os Estados Unidos, narrava como havia sido uma conferência sobre lavagem de dinheiro realizada em 2009 no Rio de Janeiro, da qual participaram agentes norte-americanos, brasileiros e de outros países da América do Sul. Pelo Brasil estavam, segundo esse informe, Sergio Moro e o ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Gilson Dipp. Ambos já haviam trabalhado com a temática da lavagem de dinheiro e, de acordo com o próprio informe, estavam ali para trocar experiências com outros países. Esse tipo de conferência é comum no Judiciário.
Quem primeiro desmentiu a ligação de Moro com os EUA, deduzida a partir desse informe divulgado pelo Wikileaks, foi o site Boatos.org, especializado em checagens desse tipo. Segundo o site, na mesma época em que começou a circular o informe nas redes sociais, viralizou um vídeo da filósofa Marilena Chauí dizendo que Moro, com a Lava Jato, estava agindo a mando dos americanos, que queriam o pré-sal brasileiro. O vídeo não trazia provas das afirmações. Mesmo assim, desde então, de tempos em tempos algum crítico do ex-juiz ressuscita a história absurda – sem apresentar novos elementos.