Os temporais que atingem Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná vêm se agravando nos últimos dias, e a previsão é de piora ao longo da semana. Na manhã desta terça-feira, 21, os dois estados da região Sul já somam 411 municípios em situação de emergência para chuvas intensas, enchentes e deslizamentos de terra. Os dados foram levantados por VEJA no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional.
No Rio Grande do Sul, o total de mortes causadas pelos temporais subiu para 161, com 806 pessoas feridas e 85 desaparecidas, segundo boletim divulgado às 9h pela Defesa Civil do estado. A estimativa do governo estadual é de mais de 581 mil desalojados e cerca de 2,3 milhões de habitantes afetados de alguma forma pelas chuvas.
O nível do Lago Guaíba, que banha toda a região metropolitana de Porto Alegre, caiu 23 centímetros desde a manhã da última segunda-feira, 20, passando de 4,32 metros para 4,09 metros em 24 horas. Apesar do recuo, o volume das águas permanece muito acima da cota de inundação, de 3 metros, assim como cinco dos principais rios e lagos do estado — Gravataí, Sinos, Jacuí, Uruguai e Lagoa dos Patos. O monitoramento é realizado pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (Sema) estadual e pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).
Santa Catarina tem mais inundações
Em Santa Catarina, já chega a 24 o número de cidades que registraram inundações em razões das chuvas desde o último final de semana. A Defesa Civil do estado calcula que 704 pessoas tiveram que deixar suas casas desde 11 de maio, quando os temporais chegaram com mais força à região, sendo o pior quadro observado nos municípios do Vale do Itajaí.
Nesta terça-feira, o governo catarinense anunciou que a União vai destinar 95 milhões de reais em emendas parlamentares para o enfrentamento das enchentes. Entre sexta-feira e domingo, o volume acumulado de chuvas no estado chegou a 230 milímetros, mais que os 100 milímetros inicialmente previstos para todo o mês de maio. No domingo, o governador Jorginho Mello (PL) decidiu ativar um Centro Integrado de Operações (CIOP) para monitorar os estragos.
Paraná
O Paraná, por sua vez, tem quinze municípios em estado de emergência para inundações e enchentes, mas segue sem ocorrências de inundações e deslizamentos de terra. Nas últimas semanas, o governo estadual vem focando em incentivar doações para o Rio Grande do Sul, arrecadando cerca de 11,5 mil toneladas de bens e alimentos destinados às vítimas gaúchas.
Previsão é de chuvas e frio intenso
A passagem de um ciclone extratropical pelo Sul na próxima quinta-feira, 23, deve intensificar as chuvas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina ao longo da semana. Em algumas regiões desses dois estados, o volume acumulado de precipitação entre hoje e sexta-feira, 24, pode ultrapassar os 100 milímetros, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Em razão da previsão de novos temporais, o risco de novas enchentes e deslizamentos nos próximos quatro dias é considerado “muito alto” para os municípios banhados pela Lagoa dos Patos — que recebe o escoamento das águas do Guaíba —, “alto” no sudoeste gaúcho e na região metropolitana de Porto Alegre e “moderado” no oeste catarinense e na Grande Florianópolis. As projeções são do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Ainda de acordo com o Inmet, o ciclone extratropical e a massa de ar frio polar que atravessarão os dois estados devem provocar fortes vendavais, com rajadas de vento acima de 80 quilômetros por hora entre quinta e sexta-feira, e derrubar as temperaturas locais. A previsão é que as mínimas em Porto Alegre fiquem abaixo dos 10ºC ao longo do final de semana, e todo o Rio Grande do Sul e a região da divisa com Santa Catarina devem sofrer com geadas entre sexta-feira e domingo.