Em meio ao aumento da violência, o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), trocou o secretário da Segurança Pública do estado na semana passada e nomeou para o cargo Roberto Sá, que comandava a segurança do Rio de Janeiro quando foi anunciada a intervenção federal do governo Michel Temer, em 2018.
Ao empossar Sá, Elmano anunciou um pacote para tentar conter a atividade cada vez maior das facções criminosas no estado, entre elas um comitê estratégico para combate ao crime, aumento do efetivo policial e investimentos em tecnologia. “Seremos implacáveis contra o crime”, disse.
Como mostrou a reportagem da última edição de VEJA, pela primeira vez desde 2020, o Rio não aparece entre os três estados mais violentos (com mais homicídios em números absolutos). O “top 3”, segundo dados de janeiro a abril consolidados pelo Ministério da Justiça, são agora Bahia, Pernambuco e Ceará.
O Ceará estava em terceiro lugar em 2020, caiu para quinto em 2023 e voltou para a terceira posição no primeiro quadrimestre deste ano, com 1.106 homicídios — um aumento de 20% em relação ao mesmo período do ano passado.
A Secretaria da Segurança Pública atribui o aumento aos conflitos internos entre facções criminosas, o que resultou no surgimento de outros grupos dissidentes. E apontou para o governo federal. “Os homicídios, em sua maioria, são resultado do conflito entre grupos criminosos, que têm atuação nacional e até transnacional, o que implica na necessidade de atuação integrada com forças federais e de outros países”, afirmou Roberto Sá em nota enviada a VEJA.
Para controlar o avanço do crime organizado, a administração estadual inaugurou o Centro de Inteligência do Ceará (CIC) e aumentou a presença policial em territórios de conflito. O governo cearense também anunciou a criação do Departamento de Combate ao Crime Organizado, que vai incluir a Delegacia de Narcóticos (Denarc) e uma delegacia de combate ao tráfico de armas, a Desarme — hoje apenas dois estados têm delegacias especializadas em armas: Rio de Janeiro e Espírito Santo.