No terceiro trimestre, o PIB avançou 0,1% em termos dessazonalizados, conforme divulgado nesta terça-feira pelo IBGE. O resultado confirmou a tendência de desaceleração da atividade econômica, que já havia sido sinalizada pelas pesquisas mensais do instituto e pelo Banco Central, cujo índice de Atividade Econômica, o IBC-Br, considerado uma prévia do PIB, estimara queda de 0,64% no período.
Por setores, a maior desaceleração ocorreu na agropecuária, cujo desempenho foi 3,3% inferior ao do segundo trimestre. A expansão tinha sido de 12,5% no primeiro trimestre e de 0,5% no segundo. O resultado teria sido pior não fosse o crescimento do abate de bovinos, que ocorreu acima do previsto pelos analistas.
A indústria teve um desempenho melhor: cresceu 0,6% no terceiro trimestre sobre o segundo, embora o segmento de transformação tenha estagnado no período. Na construção civil, a área imobiliária continuou beneficiando-se de um mercado de trabalho relativamente aquecido. Apesar disso, trata-se de desempenho fraco quando se considera que havia crescido em média 2,5% nos últimos três trimestres anteriores.
Os serviços também desaceleraram. Cresceram 0,6% no terceiro trimestre em relação ao segundo. Na mesma métrica, a expansão havia sido de 1% no trimestre anterior. O comércio foi o segmento de melhor desempenho, igualmente favorecido pelas condições mais favoráveis do mercado de trabalho. Os serviços prestados às famílias cresceram 1,1%, ligeira aceleração em relação ao crescimento de 0,9% no trimestre anterior).
A tendência de desaceleração da atividade econômica tende a continuar no quarto trimestre. A agropecuária deve experimentar nova queda. No segundo semestre, seu desempenho foi favorecido pela expansão da colheita de grãos no primeiro; no terceiro, beneficiou-se da expansão não antecipada do abate de bovinos. No quarto, dificilmente alguma surpresa pode livrar o setor de uma queda. A indústria tende a repetir a mediocridade dos últimos anos, enquanto os serviços, principalmente os prestados às famílias, sofrerão o esgotamento da recuperação proporcionada pela normalização das atividades do período pós-Covid-19.
Muito provavelmente, o desempenho do PIB no quarto trimestre sinalizará a continuidade do processo de desaceleração da economia, podendo sofrer uma queda. Previsões das instituições financeiras e das consultorias apontam para um crescimento de apenas 1,5% em 2024, bem distinto das previsões mais otimistas do governo.