O ex-governador de São Paulo e candidato à Presidência, Geraldo Alckmin, anunciou um time de primeira para a formulação de seu programa de governo. Pérsio Arida, José Roberto Mendonça de Barros, Edmar Bacha, Alexander Mendonça de Barros, Rubens Barbosa e Luís Felipe D’Avila constituem um grupo dotado de conhecimentos e experiência para levar a bom termo sua missão.
Alckmin erra, todavia, ao listar as prioridades de seu governo, caso venha a ser eleito. Ele prometeu que logo no primeiro ano de mandato buscaria aprovar quatro reformas difíceis, a saber: política, Previdência, tributária e do Estado.
Não faz o menor sentido começar pela reforma política. Ele deveria concentrar seus recursos políticos nas três outras reformas, deixando a política para outra oportunidade.
Alckmin parece estar influenciado por uma afirmação equivocada, mas presente nas discussões sobre o tema, segundo a qual “a reforma política é a mãe de todas as reformas”.
A ideia seria a de que a fragmentação partidária e o jogo do toma-lá-dá-cá do presidencialismo de coalizão constituiriam grande barreira à aprovação de reformas difíceis. Quem fala isso não se dá conta de que FHC e Lula, no primeiro mandato, foram presidentes reformadores sob o mesmo arranjo partidário.
Na verdade, um novo quadro partidário ajudaria nas reformas, mas o que leva à sua aprovação é essencialmente a liderança do presidente, bem como sua capacidade de mobilizar a opinião pública e a classe política em favor das mudanças.
Em todo o mundo, reformas políticas constituem um dos mais difíceis empreendimentos de governos democráticos. Isso porque elas costumam contrariar interesses dos parlamentares que votarão os respectivos projetos. Daí por que tais reformas entram normalmente em vigor muitos anos à frente.
Assim, tentar uma reforma política logo de saída pode ser um grave desperdício de recursos políticos. Alckmin levaria anos buscando aprovar sua proposta.
Essa reforma não é crucial para o sucesso de seu eventual governo. Por outro lado, sem aprovar as outras três, particularmente a da Previdência, o fracasso de Alckmin estaria mais do que garantido.