Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

O encanto místico da Petrobras

O tempo do controle estatal da empresa já passou

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 12h33 - Publicado em 27 fev 2022, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A visão de que a Petrobras deve estar sob o controle do governo está entranhada na maioria da sociedade brasileira. Trata-se da associação entre um nacionalismo ultrapassado e a ideia equivocada de que o petróleo é um bem estratégico para o desenvolvimento. Ignora-se que a riqueza vem hoje essencialmente da produtividade. Cerca de 80% do crescimento da economia americana no pós-guerra se explica por ganhos de produtividade, e não pela abundante disponibilidade de petróleo de então. No Brasil, 94% da expansão da agropecuária nas últimas décadas tem origem na produtividade, e não na extensão de nossas terras.

    Como explicam Philippe Aghion e co­au­to­res no livro The Power of Creative Destruction, o enriquecimento provém da inovação e dos consequentes ganhos de produtividade. Assim, apesar do monopólio estatal do petróleo, o crescimento do Brasil tem sido medíocre. Isso se deve à queda da produtividade, decorrente de fatores como a baixa qualidade da educação, insegurança jurídica, o caos do sistema tributário, os riscos fiscais e deficiências da infraestrutura.

    A esquerda brasileira não consegue mirar-se em suas congêneres da Europa Ocidental na percepção das causas do desenvolvimento. Ainda crê que o crescimento depende da elevação de gastos públicos, do dirigismo estatal e da manutenção de empresas estatais. A Petrobras inspira, por isso, um encanto místico em líderes e pensadores petistas. Privatizá-la seria ação lesa-pátria. Por ser estatal, ela deveria exercer um papel social, praticando preços dissociados das cotações internacionais do petróleo. Ou seja, deveria quebrar.

    “Para líderes petistas, privatizar a Petrobras seria ação de lesa-pátria, pois ela deveria exercer um papel social”

    É forte entre nós a oposição à privatização da empresa. Despreza-se que estatais servem para suprir falhas de mercado enquanto o setor privado não tem o apetite nem os recursos para assumir suas funções naturais no sistema capitalista. Essas condições existiam nos EUA quando o petróleo foi descoberto na Pensilvânia (1859). O país virou o maior produtor mundial, mas nunca criou a sua Petrobras. Nenhum dos sete países mais ricos do mundo detém o controle de petrolíferas.

    Continua após a publicidade

    Os petistas não estão sozinhos no fetiche com a Petrobras. A admirável senadora Simone Tebet (MDB-­MS), que tem nítidas posições liberais e pode ser candidata presidencial, está contra o projeto de lei do senador José Serra que previa a redução da participação da estatal na exploração do pré-sal.

    Ela considerou a ideia “inoportuna”, sob o argumento de que “poderemos estar fragilizando ainda mais a empresa”. Questionou se a privatização resolveria o “problema” da dolarização do petróleo no Brasil ou se favoreceria a população em detrimento do lucro. “Eu sou a favor da privatização quando há uma razão lógica, coerente, visando ao interesse social. Acho muito difícil alguém provar isso no caso da Petrobras.”

    Estamos longe de entender que o tempo do controle estatal da Petrobras já passou. Voltarei ao tema.

    Publicado em VEJA de 2 de março de 2022, edição nº 2778

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.