Quase 100 pessoas foram assassinadas por razões políticas em todo o Brasil só nos nove primeiros meses de 2016, ano de eleições municipais, segundo dados compilados aqui, em levantamento parcial.
O Congresso em Foco informa que 20 dos mortos até setembro do mesmo ano eram candidatos a algum cargo eletivo em 12 estados, sendo 5 deles no Rio de Janeiro, que terminaria o ano com 13 crimes políticos.
Em Goiás, um candidato a prefeito foi assassinado em plena carreata de campanha. Ele percorria a cidade em cima de uma caminhonete numa tarde de quarta-feira, dia 28 de setembro.
Seu nome era José Gomes da Rocha, ele tinha 58 anos, estava filiado ao PTB, e queria administrar a cidade de Itumbiara.
Há pouco mais de seis meses, Jones William, 42 anos, prefeito de Tucuruí, no Sudeste do Pará, vistoriava obras quando entrou para a triste lista brasileira de mortos por rivalidade política. Na região, 3 prefeitos foram assassinados em menos de dois anos.
A morte de Marielle levanta de novo a pergunta: que futuro tem uma democracia cujos desgovernos municipais, estaduais e federal delegam a segurança do cidadão a milícias e a organizações criminosas?
Onde fazer militância política significa virar alvo de polícias paralelas?
Infelizmente, tudo indica que Marielle é a primeira de uma lista que promete ser longa em 2018: a dos políticos baleados à queima-roupa.
Às vésperas das eleições presidenciais mais importantes desde a redemocratização, não tenho tido motivos para ser otimista com nosso país.
Vejo tecidos sociais esgarçados na saúde, nas estradas, na educação, no saneamento básico e no meio-ambiente.
E uma sede incrível pelo poder, ao qual corruptos acobertados por seus foros privilegiados se agarram exasperadamente.
Eles pensam em tudo, inclusive em marketing, menos em políticas de Estado para construir um Brasil melhor.
Pena.