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Ramadan: mês sagrado para muçulmanos exige cuidados com diabetes

Celebração religiosa inclui jejum prolongado, o que demanda ajustes na rotina e conversa com o médico

Por Carlos Eduardo Barra Couri*
1 abr 2023, 12h00
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  • Ao redor do mundo, inclusive no Brasil, milhões de pessoas iniciaram o Ramadan, que vai de 22 de março a 21 de abril de 2023. O período remete ao nono mês do calendário muçulmano, e é devotado à reflexão e à devoção divina. No Ramadan, os fiéis são convocados a realizar jejum do nascer até o pôr do sol, ou seja, por aproximadamente 12 horas. E isso costuma ser mais desafiador para quem convive com o diabetes.

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    O jejum deve ser total. Evita-se a ingestão de alimentos, de líquidos, de balas etc. No geral, as pessoas acordam antes do nascer do sol para tomar um desjejum que antecede o período de jejum. Assim que o dia se encerra, é feita outra refeição, muitas vezes em família. Outras atividades da rotina (trabalho, estudo…) podem seguir inalteradas.

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    Só que esse tempo sem comer pode impor desafios a quem precisa controlar a glicose, especialmente se faz uso de insulina, o hormônio que permite às células captarem o açúcar circulante. Se o sujeito ficar 12 horas sem se alimentar, há um grande risco de hipoglicemia. Não raro, pessoas que passam um longo período em jejum podem acabar matando a fome depois em refeições exageradas. Isso faz a glicemia ir às alturas. Outro perigo para quem tem diabetes.

    Conclusão: o Ramadan é um período em que os hábitos alimentares das pessoas com diabetes mudam muito, com risco de redução de glicose ao longo do dia e aumento abrupto à noite. Essa situação pode predispor a problemas no curto e no longo prazo. Felizmente, o tratamento do diabetes evoluiu ao longo dos anos. Temos medicamentos orais e injetáveis que exercem seu efeito 24 horas por dia (ou até mesmo com duração semanal), e
    que possuem risco baixíssimo de hipoglicemia, mesmo com jejum prolongado.

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    As insulinas de longa duração também apresentam risco cada vez menor de desencadear esses efeitos adversos. Ainda assim, existem remédios mais antigos, caso das sulfonilureias, que aumentam a propensão à hipoglicemia, especialmente em contextos como o do Ramadan. O mesmo se
    aplica a insulinas como a NPH e a regular.

    Então compartilho dois conselhos importantes aos muçulmanos que estão respeitando essa tradição. Primeiro: procure estabelecer uma boa relação com seu médico, troque informações e alinhe o planejamento terapêutico para evitar os sobes e desces exacerbados da glicemia. Segundo: faça um maior número de medições da glicose ao longo do dia (e hoje a tecnologia ajuda muito nesse sentido, com dispositivos automáticos de monitoração contínua), realizando os ajustes necessários nas medicações. Esses cuidados não deixarão o diabetes descontrolado neste mês tão abençoado.

    *Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e colunista de VEJA SAÚDE

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