O transtorno bipolar é uma condição caracterizada pela alternância entre episódios de humor muito elevado, períodos de depressão profunda e situações de mania ou hipomania – que consiste em um estado semelhante à mania, porém mais leve e marcado por agitação, impulsividade e até impaciência.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 60 milhões de pessoas sofrem com esse distúrbio psiquiátrico em todo o mundo, o que representa 2,4% da população global.
Os sinais e sintomas do transtorno bipolar variam em sua intensidade, e podem incluir euforia, irritabilidade, insônia, aumento da autoestima e da energia, além da impulsividade durante o período de mania. Já na fase de depressão, as manifestações podem ser de tristeza profunda, perda de interesse em atividades antes prazerosas, insônia ou sonolência excessiva, fadiga, irritabilidade e até mesmo ideação suicida.
Além disso, pouco se fala da depressão bipolar, que consiste em episódios depressivos que incidem em portadores do transtorno bipolar. A diferenciação entre a depressão unipolar, especialmente a depressão recorrente, e a depressão bipolar pode ser bastante desafiadora – é comum que muitos pacientes levem anos para receber o diagnóstico correto.
O tratamento do transtorno bipolar é baseado em medicamentos e terapia comportamental. Os remédios auxiliam no manejo de sintomas, enquanto a psicoterapia ajuda a munir o paciente de habilidades necessárias para lidar com as variações de humor, prevenindo ou lidando melhor com as crises.
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Embora tenhamos tido avanços no tratamento, os estigmas e preconceitos relacionados ao transtorno bipolar ainda são desafios enfrentados pelos pacientes e seus familiares. Isso pode levar ao isolamento social e à resistência em buscar apoio.
É fundamental, portanto, que encaremos o transtorno bipolar como uma doença como qualquer outra, com seus sinais, sintomas e possibilidades de tratamento. Mais do que isso, a sociedade deve levar em consideração a importância que a negligência do tratamento causa na saúde física e mental das pessoas.
Por isso, a adesão e a persistência na terapia prescrita são essenciais para o controle do distúrbio, e isso significa seguir as recomendações médicas durantes longos períodos, mesmo nas fases em que os sintomas estão controlados e praticamente imperceptíveis. Do contrário, o transtorno bipolar pode levar a interrupções no trabalho ou em relacionamentos, além de aumentar o risco de suicídio e outros tipos de sofrimento.
Em suma, o transtorno bipolar é uma condição complexa e desafiadora que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Como psiquiatra, gostaria de chamar a atenção da sociedade e convidá-la a ampliar sua compreensão a respeito. Assim, cada vez mais pessoas terão informação, diagnóstico e tratamento corretos, o que impacta diretamente sua qualidade de vida.
* Kalil Duailibi é médico psiquiatra e professor de psiquiatria da Universidade de Santo Amaro, em São Paulo