Yuval Noah Harari, docente do Departamento de História da Universidade Hebraica de Jerusalém, filósofo e autor de vários best-sellers, como Sapiens: Uma Breve História da Humanidade, Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã e 21 Lições para o Século 21, já disse que “a morte já é opcional”. Mas nem tão opcional assim é viver em condições plenas e com qualidade.
No Brasil e no mundo, o envelhecimento acontece em um processo cada vez mais acelerado. O IBGE estima que, a partir de 2039, haverá no país mais pessoas idosas do que crianças. Para 2060, calcula-se que um em cada quatro brasileiros terá mais de 65 anos. Em média, a expectativa de vida dos brasileiros é de 76 anos. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Ministério da Saúde identificaram que sete em cada dez pessoas com mais de 50 anos têm alguma doença crônica no país. Até 2050, vamos atingir a marca de mais de 1,5 bilhão de pessoas acima dos 65 anos no mundo.
A longevidade requer preparo, cuidados, atenção básica à saúde e, principalmente, mudança de mentalidade nas nossas atitudes cotidianas. Incluir a prática de atividades físicas, buscar uma alimentação saudável, controlar o peso e, claro, prevenir e cuidar das doenças crônicas e ter acesso aos sistemas e centros de saúde. Hoje, com os avanços da ciência e da medicina, quanto antes detectarmos doenças, síndromes e distúrbios, melhores serão as condições de tratamento e, possivelmente, com menos efeitos colaterais.
No futuro, a morte poderá, sim, ser realmente opcional. Enquanto isso, precisamos de bem-estar físico e qualidade de vida por mais tempo possível. Agora, opcional é cuidar bem da nossa saúde, evitar ao máximo o estresse e evitar que fatores externos nos afetem emocional, psicológica e socialmente.
Há condições físicas e de saúde que são praticamente inerentes à idade. Sabemos que existem fatores genéticos e epigenéticos que, às vezes, não podemos controlar. Mas algumas alterações em nosso corpo acontecem pelo próprio efeito do envelhecimento.
Uma dessas condições frequentes em consultórios de urologistas e geriatras é a incontinência urinária, perda de urina de forma involuntária pela uretra. No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, mais de 10 milhões de pessoas, entre homens e mulheres de diferentes faixas etárias, sofrem com esse distúrbio. Claro que pode afetar também pessoas jovens, mas a maior incidência ocorre a partir dos 65 anos de idade, em 20% das mulheres e em 10% dos homens.
Como sempre, a prevenção é ainda a melhor opção e não foge à regra quando falamos de incontinência urinária. É aconselhável a prática cotidiana de exercícios e, especificamente, exercícios no assoalho pélvico — contraindo e soltando rapidamente os músculos do assoalho pélvico —, perder peso, ter uma alimentação balanceada adequada, reduzir a cafeína, beber bastante água, não segurar a urina por tempo prolongado, manter a higiene íntima correta, não fumar e reduzir o consumo de álcool.
Envelhecimento, estilo de vida, obesidade, tabagismo, alimentação inadequada são alguns dos fatores relacionados à incontinência urinária. É uma condição que afeta não só o bem-estar físico, mas a qualidade de vida (sobretudo nos idosos) e tem reflexos emocionais, psicológicos e sociais em praticamente todos os pacientes.
Para os homens, outros dois fatores podem ser acrescidos: o aumento da próstata (hiperplasia prostática benigna), que pode causar incômodos na bexiga, aumentando a vontade de urinar com mais frequência, e o câncer de próstata, que, dependendo do tipo de tratamento, pode ter como efeito colateral a incontinência urinária.
De modo geral, a incontinência urinária pode ser temporária, causada por substâncias que aumentam a quantidade da urina na bexiga, ou por algum problema de saúde passageiro. Pode ser persistente, quando provocada por condições físicas e até neurológicas, como mal de Parkinson, tumor cerebral, acidente vascular cerebral, lesão na coluna vertebral – neste caso, pode ocasionar a incontinência urinária duradoura.
Sim, tendo a concordar com o professor e historiador Yuval Noah Harari: “A morte já é opcional”. Mas ainda não é para todos. Agora, opcional é ter políticas públicas que pensem em todos, que permitam condições plenas de acesso e cuidados com a saúde e que incentivem melhor qualidade de vida.