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O que está mudando no tratamento do diabetes?

No Dia Mundial do Diabetes, especialista elenca inovações para o controle da doença e mudanças na forma de abordá-la

Por Carlos Eduardo Barra Couri*
14 nov 2024, 08h33
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  • O diabetes faz parte da vida de 15,7 milhões de adultos e 92,3 mil crianças e adolescentes no Brasil, segundo a Federação Internacional de Diabetes.
    Aplicação de insulina, medição de glicose, uso de comprimidos, rotina alimentar balanceada e equilibrada, exercícios regulares, sono repousante e muita informação são algumas das ações que todas as pessoas que convivem com a condição devem adotar diariamente, chova ou faça sol.

    Mas, com o desenvolvimento científico e tecnológico, o que está mudando na abordagem do problema que faz o açúcar disparar na circulação de forma silenciosa, levando a complicações no longo prazo, como problemas cardiovasculares, cegueira e insuficiência renal?

    Diabetes tipo 1

    O diabetes tipo 1 é aquele em que o sistema imunológico destrói as células produtoras de insulina no pâncreas. Sem insulina, a glicose não pode ser alocada dentro das células para gerar energia e sobra no sangue. A doença autoimune costuma ser diagnosticada na infância e juventude e a base do tratamento são as múltiplas injeções diárias de insulina.

    Uma importante linha de pesquisa é o implante de ilhotas (grupo de células do pâncreas que produzem dentre outros hormônios a insulina) envoltas numa cápsula que impede que o sistema imunológico agrida tai células. Este implante, que pode ser feito na pele, no músculo da barriga, no fígado ou em outras partes do organismo, funcionaria como um “mini-pâncreas”, detectando os valores de glicose no sangue e produzindo insulina de acordo com as necessidades.

    Outra evolução é o transplante de ilhotas, em que elas são modificadas geneticamente para que o sistema imunológico não tente destruí-las e desta forma não precisam ser envoltas em cápsulas.

    A fonte destas ilhotas pode ser células-tronco embrionárias ou células maduras do próprio paciente que são induzidas a se tornar embrionárias e em seguida manipuladas em laboratório.

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    Outra linha promissora é o bloqueio da autoimunidade ainda no estágio pré-clinico do diabetes tipo 1, antes mesmo de a glicose se elevar de forma acentuada. O estudo PRE1BRAZIL, conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, está testando um medicamento via oral chamado alogliptina como intervenção que busca estancar ou retardar o aparecimento da doença.

    Diabetes tipo 2

    O diabetes tipo 2 é aquele de grande herança genética e relacionado ao excesso de peso, especialmente na região do abdômen. Normalmente vem acompanhado de outras condições crônica, como pressão alta, gordura no fígado, colesterol e triglicérides alterados, apneia do sono etc.

    A principal mudança de paradigma é tratar o diabetes tipo 2 baseado na redução do peso corporal do paciente. Reduções em torno de 15% são capazes de trazer os níveis de glicose no sangue próximos aos de pessoas normais (mas que fique claro que isso não é cura).

    Com o desenvolvimento de medicamentos à base de semaglutida e tirzepatida, conseguimos resultados nunca antes vivenciados pela classe médica e pelos pacientes, tanto na prevenção de diabetes naqueles com pré-diabetes, mas também no controle da glicose.

    Mais além, esses remédios que emulam hormônios produzidos no intestino mostraram benefícios diante de condições que andam ao lado do diabetes, como apneia do sono, insuficiência cardíaca, gordura no fígado, pressão alta, insuficiência renal e até mesmo artrose nos joelhos.

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    Como se deve imaginar, com todos esses efeitos, os estudos também apontam para redução de risco de eventos cardiovasculares como infarto, derrame cerebral e insuficiência cardíaca.

    Mas engana-se quem pensa que as novidades terminam com semaglutida e tirzepatida. Estudos com outras moléculas combinadas estão em andamento com resultados nunca antes imaginados. É o caso das medicações retatrutida (que possui ação nos receptores GLP-1, GIP e glucagon) e cagrisema (que atua nos receptores de GLP-1 e amilina).

    Em meio a tantas novidades, contudo, uma coisa nunca muda: a necessidades de todos nós, com diabetes ou não, mantermos hábitos de vida saudáveis, com alimentação balanceada, exercícios regulares, boas noites de sono… A tecnologia avança, o autocuidado permanece.

    * Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista, pesquisador da USP de Ribeirão Preto, coordenador do Endodebate e do portal Olhar da Saúde e colunista de VEJA SAÚDE

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