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O avanço das terapias para tumores cerebrais

Novas estratégias para contra-atacar o câncer na região se multiplicam e abrem caminho a um futuro mais auspicioso, diz especialista

Por Clarissa Baldotto*
Atualizado em 14 Maio 2024, 00h01 - Publicado em 27 jul 2023, 11h09
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  • A chegada de um novo tratamento para um tipo de tumor cerebral, os gliomas de baixo grau, entusiasmou especialistas do mundo inteiro presentes no último Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, em inglês), realizado em Chicago, nos Estados Unidos.

    Um estudo mostrou que o uso do medicamento vorasidenibe em pacientes com uma mutação nos genes IDH1 ou IDH2 pode adiar em 28 meses a necessidade de radioterapia.

    A boa receptividade da comunidade científica reside no fato de que há tempos não surgiam novas terapias para os gliomas. Outro motivo importante é que os gliomas de baixo grau, embora raros, podem acometer indivíduos jovens e previamente saudáveis. Por serem de progressão lenta, permitem que o paciente viva anos com tratamentos sequenciais, que envolvem cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

    A tendência é que, em breve, os médicos possam contar com um amplo arsenal terapêutico para tratar o câncer do sistema nervoso central, que corresponde a até 1,8% de todos os tipos de tumores malignos do mundo. Deste total, 88% se localizam no cérebro. Os demais acometem a medula e as meninges, que são membranas que recobrem o sistema nervoso central.

    Muito do conhecimento que se produz hoje em termos de medicina de precisão se deve à classificação de tumores do sistema nervoso central organizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2016, uma nova publicação provocou uma ruptura no método tradicional do diagnóstico calcado nas características morfológicas dos tumores. Nesse ano, a OMS adicionou o perfil molecular dos tumores para realizar a classificação.

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    O ingresso na era molecular permitiu a descoberta de alterações genéticas associadas aos vários tipos da doença. Em 2021, a OMS atualizou esta classificação, trazendo ainda maior precisão.

    De lá para cá, refinamos o diagnóstico, porque aprendemos a olhar o DNA do tumor e fazer sua classificação. Antes disso, tratávamos os tumores como se fossem uma coisa só. Vale lembrar que, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), os tumores no sistema nervoso central estão entre os 11 tipos de câncer mais comuns no Brasil, sem contar o câncer de pele não melanoma. Estão previstos 11.490 novos casos desses tumores (6.110 em homens e 5.380 em mulheres) no país.

    O câncer no cérebro é uma doença silenciosa. Na maioria das vezes, é descoberto quando a pessoa começa a ter dor de cabeça constante, desmaios, alterações motoras ou convulsões. O acesso mais fácil à ressonância magnética agilizou o diagnóstico.

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    Não há prevenção ou indicação para rastreamento por ora, exceto para pessoas que passaram por radioterapia na infância ou têm algumas síndromes genéticas mais raras.

    Além do vorasidenibe, há outras terapias em fase de testes como imunoterapias e uma vacina terapêutica para o glioblastoma, que teve resultados positivos. Tudo isso resulta da evolução do diagnóstico, que vai contribuir para oferecer tratamentos mais eficazes e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

    * Clarissa Baldotto é oncologista, doutora em ciências médicas e diretora do Núcleo de Integração Oncológica da Oncologia D’Or

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