No final do ano passado, mais especificamente no dia 26 de outubro, nasceu nos Estados Unidos a pequena Molly Everette Gibson, que foi gerada a partir de um embrião que estava congelado há 27 anos, o que impressionou profissionais de Reprodução Humana em todo mundo, visto que esse período é um novo recorde de maior tempo congelado, que antes era de 24 anos. Hoje em dia, o fato pode parecer ordinário, principalmente devido aos avanços das tecnologias.
Mas vale lembrar que a técnica é muito recente e, em 1992, quando o embrião que gerou Molly foi congelado, o congelamento de embriões ainda era considerado um procedimento experimental.
Antigamente, os embriões eram realmente difíceis de serem congelados, pois desenvolviam cristais de gelo que danificavam as células, diminuindo suas chances de sobrevivência. Logo, o nascimento de um bebê a partir de um embrião congelado nessa época é realmente um feito impressionante.
Mas a boa notícia é que, atualmente, as técnicas modernas de congelamento de embriões já estão muito mais avançadas e garantem altas taxas de sucesso e sobrevivência, sendo assim fortemente recomendadas para preservar a fertilidade de pacientes com câncer que serão submetidas a quimioterapia ou de mulheres, solteiras ou não, que desejam adiar a maternidade.
A técnica mais moderna quando o assunto é congelamento de embriões é a vitrificação, na qual os embriões são rapidamente congelados a uma temperatura de 196°C negativos e permanecem em um estado vítreo, podendo permanecer por tempo indeterminado sem perder a qualidade e chance futura de gravidez.
Dessa forma, a qualidade do embrião é preservada, visto que não há formação de cristais de gelo ou danos celulares, o que faz com que a taxa de sobrevivência ao descongelamento seja de 98%.
E a técnica de congelamento de embriões não foi a única que evoluiu nesses 27 anos. Hoje em dia, já é possível também que os melhores embriões sejam selecionados para implantação no útero por meio de testes genéticos. Além disso, os embriões podem ser cultivados em laboratório até estágios mais tardios, o que garante maiores chances de sobrevivência dentro do útero.
Através da escolha assertiva, as chances de gravidez são muito maiores e é necessário que menos embriões sejam transferidos ao útero, o que reduz o risco de múltiplos bebês.
Após o congelamento e a escolha dos embriões, geralmente realiza-se a transferência, em que o embrião é posicionado no interior do útero. E o que poucos sabem é que a implantação de embriões congelados podem possuir taxas de sucesso iguais e até mesmo superiores à fertilização com embriões frescos.
Isso porque, para que os óvulos sejam coletados e fecundados em laboratório, é preciso realizar a indução medicamentosa da ovulação, que é feita por meio do uso de hormônios. E essa estimulação hormonal pode acabar prejudicando a receptividade endometrial e, consequentemente, a implantação do embrião no útero, o que não ocorre na técnica de transferência de embriões congelados, já que o endométrio é preparado isoladamente, não havendo interferência hormonal desse estímulo.
Mas vale lembrar que cada caso é diferente do outro. Logo, antes de optar pelo congelamento de embriões, o mais importante é que você consulte um médico especializado em reprodução. Após avaliação de suas características individuais, levando em consideração fatores como idade e condições pré-existentes que podem interferir na fertilidade, ele pode recomendar os procedimentos e técnicas de reprodução assistida mais adequadas.