No Brasil, todos os meses uma cor alerta para os cuidados e a prevenção de doenças, transtornos, síndromes, incentivos à doação de sangue. Enfim, coloca holofotes sobre diversos temas e campanhas de conscientização e promoção à saúde.
Temos agora o “Fevereiro Laranja e Roxo”. A primeira cor serve para conscientizar e alertar o público leigo para a campanha de combate à leucemia, uma doença maligna dos glóbulos brancos, e também sobre a simportância da doação de medula óssea. A segunda promove o diagnóstico precoce de três doenças: lúpus, fibromialgia e Alzheimer.
Contrariando a máxima da música “País Tropical”, do cantor e compositor Jorge Ben Jor, este fevereiro não tem Carnaval. Mais uma vez, a Covid-19 adiou a grande festa popular. Mas o segundo mês do ano não passará em branco. Além das campanhas de conscientização, fevereiro tem outras datas importantes no calendário relacionadas à saúde, como o Dia Mundial de Combate ao Câncer (4/2), o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo (18/2), o Dia do Esportista (19/2) e o Dia Nacional de Combate às Drogas (20/2).
De um ponto de vista social mais amplo, estas datas comemorativas estão interligadas ao câncer – e à prevenção da doença. Não à toa, estão atreladas aos riscos individuais, comportamentais, ambientais, ocupacionais.
Embora o tabagismo englobe a dependência à nicotina de produtos à base de tabaco, presentes também no charuto, cachimbo, cigarro de palha, cigarrilha, narguilé, rapé, fumo-de-rolo, dispositivos eletrônicos, entre outros, a associação entre o fumo do cigarro e características agressivas do câncer está no maior número de cigarros por dia, com mortalidade 30% maior, no caso do câncer de próstata, por exemplo. É isso que aponta uma recente revisão sistemática da literatura, que concluiu que o cigarro agrava os efeitos patológicos adversos e a piora do controle oncológico.
O alcoolismo deixou de ser tão somente uma dependência física/química e já é considerado uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Bebidas alcóolicas, quando consumidas moderadamente e com inteligência, podem até produzir algum benefício. Como é o caso do consumo moderado de vinho tinto, que tem efeito protetor e reduz o risco de câncer de próstata em 12%. O grande problema, e por isso o alerta, é o uso constante, descontrolado e progressivo, seja no consumo de vinho ou de qualquer outra bebida alcoólica.
Outra data que marca a promoção da saúde é o Dia do Esportista (19/02), que pode ser encarado não só como celebração exclusiva dos atletas profissionais e de alto rendimento. Para a promoção da saúde pública e coletiva, a data deve servir de incentivo aos praticantes de qualquer atividade física e esportiva, mesmo quando realizadas como lazer, hobby, ainda que esporadicamente. Tudo o que envolve atividade física e/ou esportiva é bom e, quando realizada com frequência traz inúmero benefícios para nossas células, órgãos, para o corpo inteiro, pois reduz os riscos de progressão de inúmeras doenças e mortalidade.
O câncer é uma das duas causas principais de morte e uma barreira para aumento da expectativa de vida em todos os países do mundo. Com base nos dados mais recentes obtidos em 2019, a OMS estimou que a doença já é a primeira ou segunda causa de morte antes dos 70 anos em 112 dos 183 países avaliados e ocupa o terceiro ou quarto lugar em mais 23 países.
A GLOBOCAN, que recolhe os dados epidemiológicos dos países e publica as atualizações a cada dois anos, abrangendo a distribuição epidemiológica da doença e a relação desses dados com o contexto socioeconômico de cada região, avalia 185 países, com o registro de 36 diferentes tipos de câncer. Em 2020, os dados publicados registraram incidência de aproximadamente 19 milhões de casos de câncer em todo mundo, com 10 milhões de mortes. Em termos de prevalência nos últimos cinco anos, mais de 50 milhões de pessoas estão vivendo com câncer em todo mundo.
Estatísticas globais apontam para mais de 1,41 milhão de novos casos de câncer de próstata ao ano, segundo dados apontados por um levantamento apresentado no periódico European Urology Oncology, que avaliou informações contidas no banco de dados do IARC GLOBOCAN 2020 para 185 países ou territórios, correlacionando seus dados populacionais com a base da Organização das Nações Unidas (ONU).
O objetivo principal do levantamento foi coletar e descrever as taxas de incidência e mortalidade de câncer de próstata em todo o mundo e indicar fatores de risco conhecidos, que incluem, por exemplo, histórico familiar, predisposição genética, raça/etnia, riscos individuais, ambientais e ocupacionais.
O Brasil, que tem avançado no diagnóstico precoce, com boas escolhas de tratamento na rede pública e privada, e de acompanhamento após o tratamento do câncer de próstata, conta com diversas campanhas e ações para os cuidados com a saúde do homem, muitas delas promovidas por entidades da sociedade civil. O país contabilizou 65.840 novos casos em 2020 (Dados: Inca), correspondendo a 29,2% dos tumores incidentes no sexo masculino, e 15.983 mortes (2019 – Atlas de Mortalidade por Câncer – SIM).
Independentemente das cores, doenças, transtornos e síndromes, a responsabilidade por fazer tais alertas constantes à população em geral é de todos, seja por parte dos profissionais da saúde, das entidades médicas, das ONGs, da imprensa. Cada mensagem propagada (com responsabilidade!) que chega a todos que precisam é um serviço de utilidade pública, e que pode salvar vidas.