Na última semana, o jogador de futebol Neymar saiu de campo após uma contusão grave no joelho. O problema tem nome e sobrenome: lesão do LCA (ligamento cruzado anterior), dano relativamente comum entre futebolistas profissionais.
O joelho é um dos principais alvos de lesão durante a prática de exercícios. Afinal, é uma articulação grande e complexa, responsável pela sustentação do corpo e bastante demandada durante a movimentação.
O ligamento cruzado anterior é responsável por estabilizar a articulação do joelho, principalmente em momentos de aceleração e desaceleração ou em movimentos de giro. Por isso, é comumente lesionado em esportes que exigem mudanças frequentes de posição, como o futebol.
O mecanismo do trauma geralmente envolve a movimentação do joelho para dentro ao mesmo tempo em que a tíbia, osso da perna, é rotacionada para fora e o pé está preso ao chão.
Mas convém ter em mente que esse tipo de lesão também pode ocorrer em pessoas que não são atletas profissionais.
Esportistas amadores e até mesmo não praticantes de atividade física, devido a quedas e escorregões, podem vivenciar o problema. No caso de não atletas, os principais fatores de risco são obesidade, fraqueza muscular, sobrecarga de treinos, idade avançada, hipermobilidade articular, joelho valgo (para dentro) e lesões prévias na articulação.
Para evitar esse problema, é fundamental adotar alguns cuidados durante a prática de exercício físicos. Para esportistas amadores e não praticantes de atividade física, as principais medidas são: buscar orientação profissional, utilizar tênis adequados e ficar atento aos sinais do corpo.
Para todos, incluindo profissionais, a melhor forma de prevenir esse tipo de lesão é realizar aquecimento, alongamento e exercícios de fortalecimento muscular.
Como o joelho depende da ação de dez músculos para funcionar, o alongamento e o fortalecimento muscular melhoram a função articular da região. Além disso, também ajudam a manter sua estabilidade durante o movimento, além de reduzir a carga sobre a articulação.
Logo, se os músculos da região estiverem fracos, a locomoção fica prejudicada e a articulação torna-se mais propensa a desgaste e danos. Não à toa, os exercícios de fortalecimento são indispensáveis, pois, quanto mais fortes forem os músculos, mais protegidas estarão suas articulações.
Para os atletas de alta performance e profissionais, somam-se a esses cuidados a concentração, uma boa alimentação e um preparo físico regular, além de um sono reparador. Tudo que prejudica o condicionamento físico pode elevar o risco – e o condicionamento físico adequado é a base para uma boa performance nas atividades e para prevenção de lesão.
O tratamento de lesões do LCA, na grande maioria dos casos, exige intervenção cirúrgica. A operação é recomendada para reconstruir o ligamento rompido, já que possui baixa capacidade de cicatrização por si só. Mas tão importante quanto a cirurgia é o processo de reabilitação pós-operatória, que, se realizada de maneira inadequada, pode comprometer o sucesso do tratamento.
Esse processo envolve, principalmente, sessões de fisioterapia, com foco, inicialmente, na recuperação dos movimentos e, depois, no fortalecimento do ligamento. E, fundamental, só após a liberação do médico é que se deve voltar à atividade física.
* Marcos Cortelazo é ortopedista, especialista em joelho e traumatologia esportiva. Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Joelho, integra o corpo clínico dos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Oswaldo Cruz, em São Paulo