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Como tratar um coração partido

Conhecida como Síndrome do Coração Partido, a Síndrome de Takotsubo é uma cardiomiopatia identificada em pessoas submetidas a estresse extremo

Por Ieda Jatene
Atualizado em 3 out 2022, 19h14 - Publicado em 3 out 2022, 15h40

A princípio até parece uma tese retirada de um romance do século 18, mas mulheres sofrem mais com a Síndrome do Coração Partido, numa proporção de nove para um. Mas a justificativa vai além da passionalidade, que pode ser empiricamente atribuída ao sexo feminino.

Também conhecida como Síndrome de Takotsubo, trata-se de uma cardiomiopatia identificada em pessoas submetidas a situações extremas, tanto do ponto de vista emocional como físico. Esse pico de estresse favorece uma descarga de adrenalina no organismo. O resultado é o estreitamento temporário das artérias que irrigam o coração, modificando, mesmo que temporariamente, o funcionamento do músculo cardíaco, mas com risco de provocar lesões graves, sendo fatal em 10% dos casos, normalmente quando não é possível o socorro adequado em tempo hábil. E sim: no ranking das situações agudas que causam a síndrome estão incluídas as desilusões amorosas, daí o seu nome.

De acordo com dados publicados pelos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, entre as explicações para o maior acometimento feminino estão fatores como deficiência do hormônio estrogênio (devido à menopausa, por exemplo), além de uma resposta do sistema nervoso autônomo aumentada. Acima dos 50 anos há cinco vezes mais possibilidade de as mulheres terem a síndrome em relação às mais jovens. Já entre os fatores que predispõem a recorrência da doença, encontra-se, além do sexo feminino, o baixo IMC (Índice de Massa Corpórea), hipercontratilidade (aumento da contração muscular) do terço médio do ventrículo esquerdo e menor tempo após o primeiro episódio.

A semelhança com o infarto – dor torácica na região precordial esquerda, falta de ar e sensação de fraqueza intensa – pode gerar confusão na hora do diagnóstico, inclusive porque as alterações detectadas no eletrocardiograma e nas enzimas do coração são semelhantes às de um paciente infartado. Para precisar o diagnóstico clínico, é necessário fazer cateterismo e afastar a presença de coronárias entupidas, além do ecocardiograma para observar se a região inferior do coração está dilatada – esta sim uma alteração típica da Síndrome do Coração Partido. De 1% a 3% daqueles que manifestam sintomas consistentes com síndrome coronária aguda são diagnosticados com Takotsubo.

Uma vez comprovada a ocorrência, o tratamento é feito por meio de remédios, como bloqueadores de renina/angiotensina, beta-adrenérgicos e diuréticos, que visam diminuir os efeitos da sobrecarga de adrenalina no coração.

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A prevenção segue os mesmos critérios recomendados para evitar doenças cardiovasculares: alimentação saudável, atividade física e controle da diabetes e da pressão arterial. Mas, como neste caso existe um componente emocional importante para desencadear a síndrome, é recomendável manter a mente sã, em equilíbrio, evitando, na medida do possível, situações extremas de ansiedade, depressão e estresse mental agudo, incluindo aqui até mesmo alegrias extremadas, que também podem criar um processo químico no corpo que favoreça a patologia.

Artigo escrito em colaboração com a cardiologista Salete Aparecida da Ponte Nacif, do Hospital do Coração, em São Paulo e diretora da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP.

Letra de Médico - Ieda Jatene
(./.)

 

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