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Body shaming: por que os médicos devem impor limites à pressão estética

Busca por padrões de beleza inalcançáveis, disseminados pelas redes sociais, deve ser limitada por profissionais como cirurgiões plásticos

Por Helena Zarur e Daniel Botelho*
Atualizado em 9 Maio 2024, 10h13 - Publicado em 19 fev 2024, 08h01

É inegável que, ao mesmo tempo em que facilitou o acesso à informação, a internet abriu uma porta para que pessoas, ocultas em um perfil de rede social, pudessem destilar ódio gratuito com comentários abusivos em algumas publicações. Uma gordurinha aqui, uma celulite ali, um glúteo não simétrico, um formato de corpo incomum, excesso de peso, magreza… Tudo virou motivo para apontar o dedo quando, de fato, ninguém pediu opinião.

A pressão estética e o body shaming – termo em inglês que remete à vergonha do próprio corpo causada por comentários dos outros – ganham grande repercussão e inflam os consultórios de cirurgiões plásticos e dermatologistas com queixas que, por vezes, são impulsionadas por comentários maldosos, dentro ou fora das redes sociais.

Essa discussão é muito atual. O corpo é uma forma de expressão pessoal e não existe um único padrão de beleza. Embora muitas pessoas acreditem que as cirurgias sejam usadas para atingir a perfeição ou uma aparência mais padronizada, está cada vez mais estabelecida a noção de que as técnicas estão evoluindo num caminho de naturalidade, levando em conta a singularidade de cada pessoa e a diversidade dos corpos.

A Associação Brasileira de Cirurgiões Plásticos (BAPS) reitera que os profissionais de cirurgia plástica, quando identificam uma psicopatologia subjacente (como um distúrbio de imagem corporal) ou uma motivação por pressão estética, podem e devem recusar o procedimento solicitado, encaminhando o paciente para tratamento psiquiátrico e psicológico.

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Isso ajuda a impor limites a uma busca que poderá ser inclusive prejudicial ao paciente. Em alguns casos, ele pode até dizer que determinada queixa não o incomodava até alguém comentar. Mas precisamos examinar para entender se esse motivo é real e, também, temos que ir a fundo para descobrir o que realmente está perturbando quem nos procura no consultório.

Em contraponto ao body shaming, a cirurgia plástica atual tem mais relação com o body positive. O antigo estigma de que a beleza é uniforme está sendo substituído por uma narrativa que destaca a autenticidade, a autoaceitação e a celebração da diversidade.

Quando feita com bom gosto e indicação médica adequada, a cirurgia plástica é uma forma de otimizar o corpo de alguém para ele fique o mais confortável possível em sua própria pele. Antes de fazer qualquer procedimento do gênero, é extremamente importante dar um passo atrás e entender as motivações e influências que o levaram a considerar a cirurgia plástica.

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E, por fim, é fundamental que qualquer procedimento estético cirúrgico seja realizado por um profissional treinado e especializado.

* Helena Zarur e Daniel Botelho são cirurgiões plásticos e membros da Associação Brasileira de Cirurgia Plástica (BAPS)

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