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A doença da doença

Para tratar efetivamente uma dependência química é preciso saber que ela pode provocar, como pode ser, uma doença associada

Por Ronaldo Laranjeira
15 nov 2017, 16h23
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  • Transtornos mentais e até sífilis podem ter como causa a dependência química. Mas ela própria pode surgir de outros males. Entenda a “doença da doença”. Hoje vivemos em um momento em que a flexibilização das políticas sobre drogas, envolvendo inclusive a legalização de algumas, é amplamente discutida. Muito se fala sobre este assunto, enquanto outro tema é praticamente deixado de lado: a relação entre dependência química e outras doenças, as chamadas comorbidades.

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    Mas o que exatamente significa comorbidade?

    Este termo é utilizado para designar transtornos ou doenças que coexistem, que estão relacionados entre si. Por exemplo – uma enfermidade ocasionada por outra. Assim, a dependência química (como um transtorno mental que é) tanto pode provocar comorbidades, como até ser uma.

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    Existem pessoas que possuem transtornos mentais, como depressão ou ansiedade, que são mais propensas ao uso de drogas. E um dos maiores problemas enfrentados no tratamento de dependentes químicos está aqui – em grande parte dos casos, não são identificados transtornos mentais ou doenças que podem levar ao uso de entorpecentes. Isso porque avaliações, como as neuropsicológicas, sobre a integridade das funções cerebrais do usuário, raramente são feitas, antes dele se tornar dependente.

    Vamos pensar agora no caminho inverso, em uma pessoa saudável. Diversos estudos mostram que o abuso de substâncias psicoativas provoca impactos à saúde mental ou física do usuário. Já é comprovado que usuários de drogas como a maconha sofrem impactos em sua memória, concentração, podem desenvolver quadros de surtos psicóticos e até esquizofrenia, por exemplo.

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    Para se ter uma ideia da gravidade da situação, um levantamento realizado em 2016 pelo Programa Recomeço, em São Paulo, indicou que um entre cada quatro dependentes químicos atendidos no Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (CRATOD) tem ou já teve sífilis, média dez vezes maior do que a da América Latina.

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    O mesmo estudo identificou que 5,3% dos pacientes que integraram a pesquisa possuem o vírus HIV. Neste caso, essa situação ocorre pela vulnerabilidade causada pelo consumo de drogas, que faz com que os usuários adotem comportamentos de risco, praticando sexo sem proteção, dentre outros fatores.

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    Por que esse assunto é importante?

    Porque o tratamento contra a dependência química, se não for planejado corretamente, pode englobar apenas um dos problemas de saúde apresentados pelo paciente, sendo que uma comorbidade ou doença pré-existente podem acabar passando em branco, não resolvendo o quadro de forma geral.

    Pense no caso da sífilis, apontado acima. O tratamento adequado e completo, além de tratar o indivíduo, diminui também as chances de transmissão da doença. É uma questão de saúde pública. Assim, é importante pontuar que o tratamento contra a dependência química é diferente para cada pessoa. Todo paciente tem suas particularidades.

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    Existem métodos que são comumente usados? Sim. Mas cada indivíduo tem necessidades únicas, que fazem com que seu tratamento seja diferente do aplicado em outro dependente. É a velha história: cada caso é um caso. O que funciona com um, não necessariamente funcionará com outro.

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    Portanto, seja você um profissional de saúde ou um familiar de um dependente químico, sempre leve em conta as questões levantadas neste artigo. Elas podem fazer a diferença entre a reabilitação e a recaída.

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    (Ricardo Matsukawa/VEJA)

     

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